Baiano cria estúdio especializado em arquitetura afetiva e protagonismo negro; conheça

Baiano cria estúdio especializado em arquitetura afetiva e protagonismo negro; conheça

Redação Alô Alô Bahia

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Redação, com informações da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios

Reprodução/Filipe Nascimento

Publicado em 14/05/2024 às 18:49 / Leia em 5 minutos

O Estúdio João Gabriel, em Vitória da Conquista, foi criado pelo arquiteto de mesmo nome ao lado do sócio e marido, Júlio Luís, e tem se especializado em propagar os conceitos de arquitetura afetiva e protagonismo negro em seus trabalhos.

João Gabriel é arquiteto, artista 3D e publicitário, Júlio Luís, seu sócio e marido, é especialista em revestimento e graduando em arquitetura e urbanismo.

O estúdio tem três principais frentes de atuação: reformas e construções tradicionais, produção de cursos online sobre empreendedorismo e gestão na área da arquitetura e urbanismo e o projeto “Ideias à Mão” – voltado aos clientes que desejam reformar um único ambiente ou cômodos menores. A proposta é oferecer, com um preço acessível, ideias personalizadas para transformar determinado espaço em pouco tempo e gastando menos dinheiro.

“Nós somos especialistas em design de interiores, então entendemos que o cliente nem sempre vai ser capaz de ter verba para executar o projeto todo de uma vez. O projeto Ideias à Mão é a nossa proposta de consultoria em arquitetura, desenhada em um caminho fora do tradicional das reformas”, explica João Gabriel.

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Júlio Luís, à esquerda, e João Gabriel, à direita | Foto: Filipe Nascimento

No início do atendimento, o cliente coleta todas as informações necessárias sobre o ambiente. Para que o projeto seja executado corretamente, o usuário acessa uma plataforma digital própria do estúdio, que contém tutoriais e videoaulas sobre como tirar as medidas exatas dos espaços. Com os dados em mãos, o estúdio desenvolve um projeto de consultoria de reforma.

A empresa baiana também atua na reforma e construção tradicional, com a execução de obras em apartamentos e casas completas, por exemplo. “Nos projetos tradicionais, a gente segue uma rotina bem desenhada aqui no escritório, pois são obras que demandam um detalhamento muito mais completo, com uma atenção mais assídua ao cliente e ao projeto”, reforça. A frente de cursos se divide em seis conteúdos, que abordam desde modelagem e renderização até posicionamento de marca e marketing para arquitetos.

Atualmente, o faturamento mensal do estúdio João Gabriel é de em média de R$ 20 mil. Aproximadamente R$ 5 mil vêm dos projetos do Ideias à Mão, e cerca de R$ 4 mil vêm dos infoprodutos. “Temos mais de 600 alunos, e a expectativa é que até o fim de 2024 sejam mais de mil”, afirma o proprietário.

“A ideia é consolidar o escritório no cenário nacional como uma referência em arquitetura e interiores. A gente pensa em expandir [o negócio] para outras áreas do Brasil, porque enxergamos o estúdio João Gabriel como uma grande empresa”, planeja Júlio Luís.

Arquitetura negra

Integrante voluntário da Arquitetura de Preto, um movimento que tem como objetivo criar a conexão entre clientes e profissionais negros da construção civil, João Gabriel é coordenador regional do projeto na Bahia – e busca gerar impacto por meio do seu negócio.

“Uma das ideias do escritório sempre foi ter o máximo de pessoas negras trabalhando com a gente, justamente por entender que o mercado de trabalho não acolhe [as pessoas negras] da forma que deveria acolher. Então a minha meta é que o escritório seja o mais negro possível”, frisa.

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Equipe do estúdio João Gabriel | Foto: Filipe Nascimento

O arquiteto planeja oferecer mentorias afirmativas para orientar gratuitamente profissionais negros da arquitetura e urbanismo, ensinando-os desde os processos rotineiros de trabalho até a parte de captação de clientes.

Uma das premissas da empresa, segundo ele, é atuar com base em uma arquitetura afetiva, para construir e reformar espaços que remetem a uma memória acolhedora que cada cliente possui.  Júlio Luís e João Gabriel têm o objetivo de fazer com que o design de interiores tenham uma identidade mais afetuosa, correndo na contramão do básico ou convencional. Os dois também almejam que a arquitetura tenha cada vez mais os toques da negritude, em cores, formas ou na mão na massa propriamente dita.

Para João Gabriel, a afetividade e a arquitetura negra estão profundamente conectadas, já que não envolvem apenas projetos que tragam referências históricas do povo negro, mas que também são executadas por ele.

“A gente tem uma arquitetura negra no Brasil que tem sido feita por brancos. Se você abrir os livros, vai ver o reboco baiano, as tramas de palha, uma arquitetura africana bem nítida, mas que não é nomeada como arquitetura africana, indígena ou negra, porque é feita por pessoas brancas”, explica. “O meu papel como arquiteto negro é, além de fazer arquitetura negra, é dizer que aquela arquitetura é negra. Dizer que a arquitetura é feita pela gente”, finaliza.

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