Há 132 anos, neste mesmo 13 de maio de 1888, a Lei Áurea foi assinada pela princesa Isabel, filha do imperador do Brasil Dom Pedro II, oficializando o fim da escravidão. O decreto, no entanto, não garantiu nenhuma medida compensatória ou qualquer tipo de auxílio aos escravizados.
Os mais de três séculos de escravidão, com cerca de 4,9 milhões de africanos traficados para o Brasil, não se findaram de maneira pacifica. A abolição só aconteceu por conta da luta do movimento abolicionista que predominou na época.
A resistência se apresentava em diversas frentes, entre elas a parlamentar, as manifestações artísticas, as revoltas e até as fugas massivas de escravizados. Entre os abolicionistas, três baianos se destacaram.
Luiza Mahin
Luiza era da etnia Jeje e foi traficada para o Brasil como escravizada. Considerada inteligente e rebelde, ela foi uma importante personagem na luta pelo fim da escravidão. Transformou sua casa em uma quartel general das lutas negras que ocorreram em Salvador, no século XIX.
Ela também participou da Revolta dos Malês, a última grande revolta de escravizados que aconteceu em 1835, na capital baiana. Para escapar da repressão violenta do Governo da Província, Luiza se mudou para o Rio de Janeiro, onde também se envolveu em rebeliões abolicionistas. No Rio, ela foi presa e, possivelmente, deportada para a África.
Luiz Gama
Filho de mãe africana livre e pai branco de origem portuguesa, o jurista e poeta Luiz Gama nasceu em Salvador, em 1830. Alguns historiadores afirmam que ele era filho de Luiza Mahin, mas não há um consenso quanto a isso. Com 17 anos, Luiz aprendeu a ler e escrever e reivindica sua liberdade ao senhor de engenho que o escravizava.
Em seguida, foi para São Paulo onde se tornou rábula – advogado autodidata. A partir daí, Gama deu início a um ativismo jurídico pelo fim da escravidão, Entrou na Justiça com inúmeras ações pedindo a liberdade de escravizados. Teria ajudado cerca de 500 pessoas. Entre os argumentos mais usados em suas defesas, era de que os africanos trazidos ao Brasil depois de 1831 tinham sido escravizados ilegalmente.
André Rebouças
Nascido em uma família livre, em 1838, o abolicionista baiano André Rebouças estudou engenharia e foi responsável por diversas obras importantes no país, como, por exemplo, a estrada de ferro entre Curitiba e o porto de Paranaguá.
Rebouças participou mais ativamente nas lutas pelo fim da escravidão a partir da década de 1870, quando integrou diversas sociedades abolicionistas e se tornou um importante articulador do movimento.
Além de acabar com a escravização dos negros, ele também reivindicava o acesso à terra pelos libertos. “É preciso dar terra ao negro. A escravidão é um crime. O latifúndio é uma atrocidade. (…) Não há comunismo na minha nacionalização do solo. É pura e simplesmente democracia rural”, disse. Ele também se opunha ao pagamento de indenização para os senhores de escravos em troca da liberdade que, em sua análise, representaria a posse de uma pessoa por outra.