Esposa do cantor Otto, artista baiana Lavínia lança disco de estreia batizado por Caetano Veloso: ‘Sorte’

Esposa do cantor Otto, artista baiana Lavínia lança disco de estreia batizado por Caetano Veloso: ‘Sorte’

Redação Alô Alô Bahia

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Redação

Matheus de Jesus/Divulgação e Reprodução/Instagram

Publicado em 19/04/2024 às 11:47 / Leia em 11 minutos

Além de participações ilustres — como do cantor pernambucano Otto, do flautista baiano Ivan Sacerdote, Beto Barreto (BaianaSystem), dentre outras — o trabalho musical de estreia da cantora, compositora e atriz baiana Lavínia — “No Meu Umbigo” — faz um passeio por ritmos e sonoridades diversas, sentimentos e confidências muito particulares. “É uma obra essencialmente feminina, onde canto as dores e as delícias do meu viver, numa perspectiva em que a mulher é dona do seu próprio desejo”, resume.

(Foto: Matheus de Jesus/Divulgação)

O álbum de lançamento da artista — que é esposa do cantor Otto — traz nove faixas e foi batizado por ninguém menos que Caetano Veloso:

“Quem deu o nome ao álbum foi Caetano. E acho isso de uma ternura, de uma sorte. Em um Réveillon na sua casa eu lhe mostrei uma das músicas, em que cito o nome dele. Depois de escutar com toda atenção, sugeriu de pronto o título”, revela.

Em conversa com o Alô Alô Bahia, ela conta que o músico santo-amarense sugeriu o nome do disco quando ela o conheceu, em um réveillon na casa dele. “Durante uma conversa descontraída, contei sobre uma música que eu tinha feito há pouquíssimo tempo, que fazia uma referência à sua poesia, mais especificamente à música ‘Estranho Amor’. Caetano ficou curioso e pediu que eu mostrasse a canção. Confesso que fiquei com vergonha de mostrar, mas acabei colocando pra ele ouvir a gravação, que ainda estava apenas no meu celular”, iniciou.

“Depois de escutar, ele sugeriu o título de pronto e fez todo sentido pra mim. ‘No Meu Umbigo’ tem a ver com nascimento. Tenho Caetano em um lugar muito especial, é o artista que mais adoro e uma pessoa encantadora com quem, quando tenho a oportunidade de rever, gosto muito de conversar”, completa Lavínia. 

No trabalho de estreia (ouça aqui), Lavínia circula entre sons e poesias bem variados, dando protagonismo durante todo percurso ao sentir e à percepção que tem do amor, da mulher, das relações e sobre as memórias que nutre pela Bahia, terra onde nasceu. “Embora não seja um trabalho regional, nele também estão presentes a musicalidade e as minhas memórias mais afetivas dos lugares da Bahia que fazem parte de mim”, conta. Com o frescor que toda novidade tem, esse trabalho é uma produção deliciosamente artesanal, produzido com tempo e espaço para criação, além de contar com um elenco de convidados que faz do álbum uma grande celebração à música, à poesia e à beleza que tem a diversidade rítmica e sonora do país. “Cada bom encontro tem o poder de dar nuances e coloridos únicos às minhas composições”, explica.

Além de cantora, Lavínia é atriz com formação no emblemático Teatro Vila Velha, em Salvador, e na Faculdade CAL de Arte e Cultura, do Rio de Janeiro. A artista diz que uma das coisas fundamentais que o teatro lhe lembra diariamente é que agregar bons amigos aos processos torna a caminhada mais diversa e mais potente. Por essa razão, o álbum conta com a participação especial de alguns parceiros de composição, a exemplo do cantor pernambucano Otto, do maestro paraense Manoel Cordeiro e do sambista baiano Edil Pacheco.

Cantor Otto com a esposa, Lavínia Alves (Foto: Reprodução/Instagram)

Também integram o time de convidados o flautista baiano Ivan Sacerdote, Beto Barreto (BaianaSystem) e integrantes da Banda de Pífano de Caruaru. “É meu trabalho de estreia, está nele a minha identidade, minha alma, e, ainda assim, é uma produção musical em conjunto, porque creio demais nesse coletivo que a música por si promove”.

Para feitura da primeira parte do álbum — arranjos, bases, guias — Lavínia convidou o conceituado músico baiano Luciano Salvador Bahia, e, para a conclusão do trabalho, em São Paulo, entrou em cena o tarimbado produtor musical Rovilson Pascoal.  Além disso, feats com os produtores Pupillo e Apollo Nove também acontecem em duas faixas do disco, buscando dar à produção a identidade de um trabalho plural e abrangente. “O projeto de gravação do álbum busca resgatar a natureza simples do produzir e do cantar, além de confirmar o que é precioso para mim: fazer música é ser artesã de todo o processo. E isso é bonito demais”, pontua a artista.


Lavínia revelou ao Alô Alô Bahia seus 5 lugares preferidos em Salvador. Confira:

1 – Pedra do Sal

(Foto: Reprodução)

Me leva para minha infância, passada toda ali. Meu avô tinha uma casa lá, onde vivi momentos inesquecíveis naquele quintal à beira-mar”, conta a artista baiana.

2 – Teatro Vila Velha

Teatro Vila Velha realiza neste mês diversas atividades em espaços culturais de Salvador

(Foto: Divulgação)

Foi onde comecei, me formei. É o meu palco preferido e mágico. Lugar de encontros históricos, apresentações memoráveis, sempre fundamental para a identidade cultural de nossa cidade. Além disso, lugar de onde se vê um pôr do sol inesquecível”, pontua Lavínia.

3 – Ribeira

Ribeira

(Foto: Carlos Santiago/@myphatomtoy)

Amo tomar sorvete, banho de mar, passear, ou simplesmente observar a noite chegando por ali”, diz.

4 – Bonfim

Igreja do Bonfim

(Foto: @mario_cesartenorio)

Sagrado. Ir caminhando, ir de carro, ir cheia de fé para agradecer, para rezar, para estar”, resume Lavínia.

5 – Rio Vermelho

Odoyá, Rainha do Mar! Presente principal para Iemanjá atrai milhares de pessoas ao Rio Vermelho, em Salvador

(Foto: @flaviakk​/Reprodução/Instagram)

Amo a Casa de Yemanjá, que respeito tanto, a sua festa e a sua celebração a cada 2 de fevereiro. O Acarajé de Cira. O Boteco do França, que vi passar por tanta transformação, lugar do meu coração, onde vou desde muito criança”, cita.


Faixa a Faixa do álbum de estreia

A abertura do álbum “No Meu Umbigo” é uma apresentação resumida sobre quem é Lavínia. “Deus Está Solto” fala de onde eu venho, do meu chão, que é o Teatro Vila Velha, fala também de Tom Zé, uma das minhas referências, um artista fora da curva. Eu gosto de quem caminha além da margem. É uma vinheta bem tropicalista para abrir o álbum apresentando a artista que sou”.

No disco, a artista fala um pouco de um amor, de um amor livre, um amor que fortalece. “É uma escrita bem na primeira pessoa, sabe? O trecho ‘Eu te quero sempre viva, atenta, forte e bonita’ é um recado passado para mim mesma, que confirma minha fé no amor próprio como caminho para seguir em frente sempre”, explica. “Essa foi a faixa que eu mostrei a Caetano quando o conheci num réveillon em Salvador, porque nela faço menção a Estranho Amor, canção linda de sua autoria. Ele escutou com toda atenção, de olhos fechados, e quando acabou falou “no meu umbigo”, conta. “Aí não tive dúvida, a expressão virou título da música e batizou todo o álbum também. O umbigo me lembra o nascimento, o nascer desse trabalho”, revela.

(Foto: Matheus de Jesus/Divulgação)

A faixa “Mágoa” flerta com a Bossa Nova, movimento que Lavínia é fascinada. “É uma parceria minha com meu amigo Edil Pacheco, sambista baiano incrível, compositor gravado por Clara Nunes, Alcione, tanta gente boa. É uma faixa muito linda onde a gente fala de um desamor com esperança”, detalha a cantora. “Nela, eu fui presenteada com a participação luxuosa de Ivan Sacerdote, que é um excepcional flautista baiano. É uma canção que eu gosto muito”.

Em “Linho Branco”, a cantora fala do início de uma paixão, daquela fase de descoberta e desejo à flor da pele. “Ela me remete ao universo de Rita Lee, desde que eu compus associei àquele clima delicioso de Rita e Roberto. A participação de Apollo Nove, produtor musical fantástico de São Paulo, trouxe uma textura quente à música, com os efeitos super acertados que ele colocou”.

(Foto: Matheus de Jesus/Divulgação)

Conselho” é uma faixa que Lavínia compôs despretensiosamente, depois de presenciar uma amiga próxima vivendo uma relação tóxica, sem se dar conta disso. “É uma música que falo sobre não se apegar a um amor pequeno, sobre não se encolher para caber”, resume. A produção da canção inclui a participação de mulheres convidadas, amigas ou familiares da artista, que, alternadamente, e de forma anônima, enaltecem as mulheres e celebram a força feminina, numa espécie de canto coletivo. “Chamei amigas para participar cantando, recitando conselhos no final da música. Acho muito bonito porque estão ali mulheres de gerações e carreiras tão diversas. É uma música muito feminina que eu tenho muito orgulho, um sambinha gostoso com um recado importante para as mulheres”. A faixa tem participação de Pupillo, produtor musical que fez o arranjo junto com Luciano Salvador Bahia e Rovilson Pascoal.

Venha Pra Bahia” começa com a narração de França Teixeira, avô de Lavínia e um comunicador tropicalista que revolucionou o jeito de fazer rádio no país entre as décadas de 1960 e 1980. A faixa começa de maneira irreverente com um áudio dele narrando a Copa do Mundo. “É uma música que nasceu de uma reflexão que eu tive depois de uma conversa com meu querido amigo e diretor, Amir Haddad, sobre sermos seres etéreos e feitos de uma matéria mágica. É basicamente sobre isso, sobre ser pó de estrela”, explica a artista sobre a composição. 

Sobre a composição Hotel Solar”, que também virou clipe, rodado nas ruas de Salvador, com a participação do ator Samuel de Assis e o cantor Otto, Lavínia conta sobre o processo criativo da faixa: “É uma declaração de amor à minha cidade, Salvador. Escrevi, fiz a melodia, achei muito potente, mas senti que faltava alguma coisa. Quando fui para o Círio de Nazaré, em Belém, conheci seu Manuel Cordeiro, um maestro incrível, que ao escutar a canção me ajudou a finalizar e colocou todo o tempero do Pará. Digo que é uma deliciosa mistura de Salvador e Belém”. Também participam da faixa, o músico Beto Barreto, do BaianaSystem, num duelo de guitarras com seu Manuel, e o cantor e compositor pernambucano Otto.

Descrita como seu xodó, “Mon Amour” tem uma dose de humor e um bocado de amor. “O trecho ‘Não entendo nada de signos, mas acredito nas estrelas’ é uma contradição deliciosa que faz da música um forrozinho, um xote muito gostoso”, conta Lavínia. “É uma música divertida, que tem a participação de dois integrantes da Banda de Pífano de Caruaru”.

Fechando o álbum, “Pinta Um Baião” é uma música feita em parceria com o cantor e compositor Otto. “Eu estava meio triste em casa e Otto falou: ‘vamos animar, Lavínia, e cantarolou a frase ‘pinta um baião’… Ele queria continuar e eu falei: ‘não faça mais nada’. Me tranquei no quarto e escrevi a canção em uns três minutos”, revela. A música fala das lembranças que a cantora e compositora guarda do Recôncavo Baiano, da roça da sua família que fica nesta região e da dela, ainda menina, brincando naquele lugar. “É uma música que traz muitos elementos eletrônicos, toques, batidas, um canto de cura, de memória ancestral. Uma música que fecha o álbum e convoca para o novo que vem aí”, celebra.

(Foto: Matheus de Jesus/Divulgação)

Lavínia – No Meu Umbigo 

1 – Deus está solto
2 – No meu umbigo
3 – Mágoa
4 – Linho Branco
5 – Conselho
6 – Venha pra Bahia
7 – Hotel solar
8 – Monamour
9 – Pinta um baião

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