Diretora da Funceb, Piti Canella é exonerada: ‘Política cultural não é só festa’

Diretora da Funceb, Piti Canella é exonerada: ‘Política cultural não é só festa’

Redação Alô Alô Bahia

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Reprodução/Redes Sociais

Publicado em 18/04/2024 às 08:16 / Leia em 4 minutos

A Diretora Geral da Fundação Cultural do Estado (Funceb), Piti Canella, foi exonerada pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) nesta quinta-feira (18). O desligamento da produtora cultural do cargo vem na esteira da exoneração, na última quarta-feira (17), de Luciana Mandelli do comando do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).

Piti foi anunciada como nova diretora da entidade, vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA), no dia 10 de janeiro de 2023. A produtora cultural trabalha com arte e música há mais de 25 anos e é reconhecida no mercado pela direção e coordenação de grandes eventos no Brasil, além de turnês internacionais de diversos artistas brasileiros e estrangeiros. No currículo, Piti Canella já atuou com nomes como Gilberto Gil, Daniela Mercury, Jorge Ben Jor, Djavan, Baiana System, Banda Eva, Carlinhos Brown, Timbalada e Margareth Menezes.

Antes de assumir a Funceb, de 2019 a 2023, a produtora atuou como assessora especial no gabinete da SecultBA, onde acumulou experiências em editais e projetos de grande porte no setor público. O cargo de Direção Geral da fundação será assumido por Sara Gabriela Prado Mercês Lázaro, também produtora cultural, que, até então, atuava como Superintendente de Promoção Cultural da SecultBA.

Viva os artistas baianos!

Em artigo publicado no jornal Correio, nesta quinta-feira (18), Piti foi categórica: “Política cultural não é só festa, nem entretenimento”. Confira na íntegra o posicionamento da produtora cultural:

A política para as artes não é festa nem é entretenimento. A política para as artes é a comida na mesa dos artistas e de todos os outros profissionais dessa cadeia produtiva. É o espetáculo pronto, sem dívidas.

Eu sei, eu sei. Há tempos que fazem essa confusão porque a gente gosta de – e sabe fazer – festa. A gente trabalha muito para que o verão do Brasil inteiro seja inesquecível. E consegue fazer isso.

Por aqui, os artistas baianos lutaram muito para conseguir ferramentas e instrumentos da política, já que nem sempre têm patrocínio. As marcas também gostam de festa, de aparecer associadas à alegria. Senhoras e senhores, marketing é isso!

“Ah, mas não pode gostar de festa?”, você pode estar se perguntando. Pode e deve! Mas há de se ter o que festejar.

A arte serve também para incomodar porque mexe com a gente lá dentro. Nos emociona demais e a prova disso são os remakes das novelas (Dona Globo, capriche aiii!).

Aos artistas dessa minha terra de nascença, eu desejo o mundo. Desejo o recurso na conta digital e desejo circulação para que as produções se mantenham vivas. O sangue dos artistas precisa circular, precisa sair por aí.

Desejo também uma casa para os artistas. Seja base para os grupos, sejam residências artísticas em outras cidades, estados ou países. Desejo variedade de linguagens e de plateias e de teatros, de circos, de escolas. Múltiplas como são os nossos territórios de identidade.

Desejo que alguém lá na Alemanha, numa cidade chamada Gelsenkirchen, se emocione enquanto Margareth Menezes – essa mesma, a ministra, a nossa ministra – canta “Alegria da Cidade”. O alemão chorava, mesmo sem entender uma palavra. Sim, é verdade esse bilhete.

Desejo um ônibus plotado com a cara de cada artista sorrindo pela estradas. Desejo que cada município desse estado receba o recurso público, seja em forma de edital vencido, workshop, oficina ou cursos. Desejo que cada real desses nossos 3% do PIB se transforme em cinco e que ser artista volte a ser um sonho bom.

Parabéns, Funceb, pelos 50 anos. Parabéns ao “meu pessoal” das artes que não deixa essa casa sucumbir nem por um dia sequer.

Viva a Funceb! Viva os artistas baianos!

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