Ambientado em um retrato de ambiente de guerra nos Estados Unidos, o filme “Guerra Civil” estreia esta semana nos cinemas brasileiros e terá em um dos papeis principais o ator baiano Wagner Moura. Ele contracena com Kirsten Dunst, famosa pelos filmes de “Homem-Aranha” e “Maria Antonieta”, e interpretam juntos dois jornalistas da agência de notícias Reuters. Dunst é uma fotojornalista e Moura, um repórter. Ele falou sobre a dificuldade de retratar um filme que mostra os efeitos de uma polarização e comparou a obra aos dias atuais. “É um filme sobre polarização, sobre os efeitos nefastos da polarização, mas ele é também bastante um filme sobre o jornalismo. Como o jornalismo é um piloto fundamental da democracia, vive uma crise muito grande de jornalismo como negócio, jornalismo profissional em decadência, e sobretudo com o descrédito”, contou o ator, em entrevista à Globo News nesta quarta-feira (17).
“Eu fico muito assustado quando eu vejo líderes mundiais atacando os jornalistas, porque, nesse caso desse filme, por exemplo, os jornalistas de guerra, eles são pessoas que trazem para a gente imagens do sensibilismo em relação aos horrores da guerra, que colocam suas vidas em risco ali no front, para trazer imagens e histórias para o sensibilismo. E o jornalismo vive uma crise muito grande, as pessoas se informam para isso pelas redes sociais, pelo YouTube. Conservadores com sua apoio, os progressistas também”, acrescentou.
O filme é do aclamado diretor Alex Garland e fez uma estreia surpreendente nas bilheterias dos Estados Unidos e Canadá, arrecadando US$ 25,7 milhões. É a primeira vez que um filme do estúdio independente A24 lidera as bilheterias na América do Norte.
“Eu acho que o Alex foi muito feliz em captar essa ansiedade coletiva, que o cara é muito forte lá. Acho que faz sentido em qualquer lugar. Nós também aqui no Brasil sabemos bem o que é a polarização. Nesse momento de polarização, justamente quando esses sentimentos mais nocivos, de xenofobia, de racismo, ficam mais apurados, é uma cena muito típica”, disse o artista.
Wagner contou como estudou para viver o papel de um jornalista em meio aos horrores da guerra. Para ele, que é jornalista formado na Universidade Federal da Bahia, trata-se de uma missão árdua em ter que retratar realidades tão complicadas.
“É tão extraordinário o horror da guerra e tudo isso que, quando eles voltam para casa, para a vida como um mundo cotidiano, a vida mesmo que para de fazer sentido. Eles precisam daquela adrenalina para seguir trabalhando. Ao mesmo tempo em que é um trabalho tão nobre e belo, porque arriscam as vidas dele, se há heróis nesse filme, são os jornalistas porque eles arriscam as vidas deles mesmes para trazer imagens para a gente e histórias. Nesse mundo tão cheio de imagens, às vezes tem uma que te sensibiliza, que faz pensar sobre a falta de sentido que uma guerra tem. Por outro lado, é uma vida muito… eu acho muito triste, porque não deixa de ser um risco também, um risco perigoso”, declarou.