A Câmara Municipal de Salvador (CMS) irá realizar uma sessão especial, nesta sexta-feira (12), em comemoração aos 23 anos do Fórum de Entidades Negras da Bahia (Feneba). A entidade é formada por diversas instituições dos movimentos negros do estado, seja do setor artístico, como os blocos afros Ilê Aiyê, Muzenza, Malê Debalê e Cortejo Afro, seja da área sociopolítica, como a Associação Nacional dos Advogados Afrodescendentes (Anaad), ou ainda do ramo religioso, como a Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro (Fenacab).
A sessão na CMS homenageia a instituição e seu membros pela constante luta contra o racismo por meio de ações de conscientização, pedidos de reparação e diálogo com a sociedade civil e o poder público. Na ocasião, ocorrerá a instalação do Comitê Baiano pela celebração dos 190 anos da Revolta Malês, composto por instituições acadêmicas, entidades, setores da sociedade civil.
O evento ocorrerá no Plenário Cosme de Farias, às 18h30, com transmissão ao vivo pela TV CAM (12.3) e pelas redes sociais do Legislativo Municipal.
A sessão especial foi uma solicitação da vereadora e presidente da Comissão de Direitos Humanos e de Defesa da Democracia Makota Valdina, Marta Rodrigues (PT), por entender a importância da Fórum no fortalecimento do movimento negro ao enaltecer, valorizar, debater e prestar apoio às entidades que tem atuação na luta e no desenvolvimento de políticas públicas antirracistas.
“O Feneba tem sido fundamental em cobrar reparação das elites e classes dominantes em relação aos povos que foram explorados e escravizados vindos da África. Também é um instrumento de denúncia para o planeta da imensa desigualdade e do racismo estrutural que existe no Brasil”, diz a vereadora.
Segundo Marta, o Feneba, há mais de duas décadas, tem desempenhado papel fundamental como coletivo de organizações e se demonstra sempre disposto a agregar.“Uma honra homenagear o Feneba na Câmara pela segunda vez. A instalação do Comitê é importantíssimo nesse momento, de lutas conquistadas e pautadas”, disse.
Para o atual dirigente do Feneba, o ativista do movimento negro Raimundo Bujão, a homenagem é motivo de orgulho.
“Essa data nos traz a memória da realização da Primeira Caminhada do Campo Grande à Praça da Sé, idealizada pelo MNU em 1980, e, anos depois, as polêmicas levantadas acerca da participação dos blocos afro. De lá para cá, muitas transformações ocorreram, e o Feneba se fez presente, contribuindo com o seu pioneiro grito de reparação já, o que notabilizou a nossa existência enquanto coletivo de organizações fundamentais na luta contra o racismo na Bahia e no Brasil”, afirma.
Foram convidados para a sessão: o cineasta Antônio Olavo; o deputada Alice Portugal; o Davyd Bacelar, da Federação Única dos Petroleiros; o professor Fabio Velame (UFBA); a reitora Adriana Mármore (UNEB); Samira Sores (MNU); a secretaria estadual Ângela Guimarães (Promoção da Igualdade Racial); o secretário de Cultura do Município, Pedro Tourinho; além de Ya Márcia Ogum.