Percussionista e fundador do Quabales, baiano é diretor musical de novo filme do Prime Video

Percussionista e fundador do Quabales, baiano é diretor musical de novo filme do Prime Video

Redação Alô Alô Bahia

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Divulgação

Publicado em 31/03/2024 às 14:49 / Leia em 6 minutos

“E aí, man? Gostei muito da sua performance no STOMP e a gente ainda vai trabalhar junto”. Quando viu a mensagem no direct do seu perfil no Instagram, o percussionista baiano, fundador do Projeto Quabales e Integrante do STOMP, da Broadway, Marivaldo dos Santos nem imaginava que iria anos mais tarde ser o diretor musical do longa ‘Música’, que chega ao catálogo do Prime Video na próxima quinta-feira (4). A mensagem foi enviada anos atrás, antes mesmo da pandemia, pelo ator, diretor e roteirista Rudy Mancuso, que também é o protagonista de Música (2024, Prime Video), com a atriz Camila Mendes, conhecida dos fãs da série Riverdale.

“Confesso que não dei muita atenção à mensagem, porque a gente recebe muita coisa. Só um ano depois, fui ver quem era o Rudy, aí vi que era famoso e fazia coisas no YouTube. Respondi dizendo que a gente iria trocar essa ideia. Um belo dia, ele ligou perguntando se eu estava pronto para mudar o mundo porque ele ia fazer um lance e queria a minha ajuda. Respondi: ‘beleza’. Fui para Los Angeles e nós fizemos o piloto. A Amazon gostou da ideia e aí resolveu investir no filme. Rudy me viu no show do STOMP, ligou e agora o resto faz parte da história”, conta Marivaldo.

A produção pela Amazon USA conta a história do próprio Rudy Mancuso, que além de apaixonado, vive atormentado por uma música que toca em looping na sua cabeça, já que ele tem sinestesia – um fenômeno neurológico que provoca a percepção de vários sentidos ao mesmo tempo – e que, no caso dele, transforma qualquer som cotidiano que ouve em música.

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“Foi uma experiência bem fora do que eu estou acostumado. Primeiro, porque eu estava dentro de uma produção, em um cenário onde eu tinha uma voz. O filme era algo novo, o jeito de filmar, a história era nova, a musicalidade também. Aqueles ‘caras’ de Hollywood não estavam acostumados com a música feita ao vivo, com tudo tendo uma performance. Recebiam os scripts do filme, tinha fala que era um ‘tá-que-tá-que-tá’. Veio de uma pegada bem caótica, estranha, mas quando chegou na hora rolou a mágica e a gente conseguiu, sim, entregar um produto diferenciado. A experiência foi muito, muito massa”.

As gravações duraram em torno de dois meses. Marivaldo ensaiou dia e noite durante duas semanas. “Recrutei uma galera que já participava do STOMP e outras não. Fizemos duas semanas de ensaios intensos de manhã até de noite, passando todas as coreografias e as performances. Uma coisa era você fazer isso em um ensaio. Outra coisa foi juntar com a filmagem, câmera, atores e tudo ao vivo. E foi aquela coisa, agora vai dar certo ou não. Graças a Deus, deu tudo certo. Acho que o filme vai surpreender muita gente”.

Repleto de referências à cultura brasileira, Marivaldo conta mais sobre como o som daqui da Bahia inspirou na direção musical do longa: “Na parte musical, a gente falou muito. Sem dúvida, a Bahia está muito bem representada assim como o Brasil. Temos lá João Gilberto, Caetano Veloso, Gil. É um filme que fala de música, só que ele é muito percussivo e eu acho que não tem lugar mais percussivo que Salvador. Ela é capital percussiva. A influência é geral. Nós temos várias levadas. As pessoas vão ver a Bahia dentro do filme, realmente no plural”.

Além de conduzir a direção musical do filme, o percussionista baiano participou também das performances. “Trouxe meu mundo jazz, meu mundo percussivo, meu mundo da Bahia. O clássico, o funk, o rap. A linguagem de rua, a periferia, a favela, de tudo um pouco. Tudo me inspirou. Deixar aquela assinatura é o momento de dizer quem você é. Teve uma cena, que se passa em um ônibus. Fizemos uma levada de pagodão, algo que não é normal de se ver em um filme de Hollywood. Era um parque de diversão para mim porque eu sabia que não existiam limites para o que eu estava trazendo em termos de swing e de ideias”.

Bastidores
Ao longo da carreira, Marivaldo já realizou trabalhos com artistas internacionais como Sting, Lauryn Hill, Fugees, Joshua Bell, Ceelo Green e muitos outros. Sobre Rudy Mancuso e Camila Mendes, ele diz que o filme foi um presente. “Quando você é chamado para ser diretor musical de um filme que chama ‘Música’ é uma grande responsabilidade mostrar para o elenco que aquilo que estávamos fazendo era muito diferente. Depois, com o conteúdo todo, aí é uma maravilha. Estou muito feliz com o resultado. A Camila é uma menina super profissional e educada. Prontíssima, talento enorme. É estourada. E o Rudy, é muito massa, porque também é músico e por isso, a gente tem a mesma linguagem. Eu podia trazer qualquer loucura que ele ia entender”.

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Nos bastidores, Marivaldo lembra de uma cena no salão em que Rudy queria criar um rap, mas trazer uma levada para a melodia. “Eu dei a ideia e disse: ‘bicho, isso aí dá para a gente fazer’. Falei que achava que tinha que ter um maracatu e Rudy nem sabia que som era esse, mas achou massa. Ele tinha coisas escritas, queria que as atrizes falassem aquilo em um rap melódico, só que tínhamos que filmar tudo dentro de 1h. Rapaz, será que essas meninas vão pegar? Trabalhei com as atrizes e a gente apareceu pronto lá no set. E essa foi a minha experiência com ele, de uma pessoa que estava aberta para qualquer coisa, o desafio de trazer algo e ele dizer, ‘é isso aí’, ao invés de ‘não entendo, não quero isso’. E ele entrou na onda”, afirma o percussionista.

Após passar quatro meses em Salvador, Marivaldo dos Santos partiu para os Estados Unidos, onde participa da première de lançamento de Música, que após passar por Miami chega a Nova York, New Jersey e Los Angeles. Já os projetos que o músico toca pelas bandas daqui de Salvador, a prioridade é a preparação para o disco da Quabales e os artistas lançados pelo selo Favelê Music, que dá visibilidade a quem sai da favela.

“Eu acabei juntando tudo que eu já fiz nesse filme. Essa experiência me levou a um mundo que não era o meu. E agora está me levando além disso. O que nós podemos fazer para o próximo? Como eu já estou pensando lá na frente, o próximo vai ser maior ainda do que esse. Já estou com a cabeça na sequência. A mensagem foi dada. Até mesmo respeitar ali o diferente, as pessoas diferentes. Fora a parte musical e cultural, essa mensagem que o longa traz é muito especial”, completa.

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