A 100 dias do início dos Jogos Olímpicos de Inverno Milão-Cortina 2026, o Brasil se aproxima de um momento histórico com um de seus maiores nomes da modalidade. Edson Bindilatti, baiano de Camamu, está prestes a tentar a vaga para aquela que pode ser sua sexta participação olímpica, após ter competido em Salt Lake City 2002, Turim 2006, Sochi 2014, PyeongChang 2018 e Pequim 2022. A partir de novembro, ele liderará o bobsled brasileiro na reta final da qualificação para os Jogos.
Bindilatti iniciou sua trajetória no trenó como pusher em 2002 e foi breakman em 2006, assumindo a pilotagem a partir de 2014. Em 2024, ao lado de Edson Martins, Rafael Souza e Erick Vianna, alcançou o melhor resultado da história do Brasil no four-man em um Mundial, com o 13º lugar em Lake Placid, nos Estados Unidos. Experiente, ele mantém a ambição sob controle, mas não esconde o desejo de seguir fazendo o país avançar.
“Temos a humildade. A responsabilidade de representar o Brasil em Jogos Olímpicos é muito grande, o Brasil é gigantesco, o Brasil é imenso, e o Brasil vem crescendo a cada ciclo olímpico nos esportes de inverno. Mas sonhar é algo grandioso, temos a possibilidade de realizar em nossos pensamentos. Uma medalha olímpica sabemos o quanto é difícil, mas não falamos em medalha, e, sim, em melhorar nosso resultado”, conta.
A caminhada quase havia sido encerrada após Pequim 2022. Contudo, mudanças nas regras de qualificação e o desenvolvimento de novos pilotos levaram ao seu retorno. “Eu me aposentei em 2022, mas me convenceram a voltar justamente porque mudaram umas regras de qualificação. Na época, o nosso piloto em desenvolvimento ainda não tinha pilotado o four-man. Então, a confederação, por segurança, pediu para eu voltar, para tentar qualificação também”, diz.
De volta à rotina intensa de treinamentos, o baiano afirma que o retorno foi acertado. “Estou gostando bastante e tenho certeza de que foi uma decisão acertada. Ainda tenho muitos objetivos para o futuro. Talvez treinar a equipe do Brasil. Estar envolvido na modalidade, de certa forma, porque eu acredito que essa evolução que nós tivemos não pode parar, a gente tem que continuar mantendo alto rendimento”, afirma.
Aos 46 anos, o atleta vive uma segunda fase da carreira esportiva. Ele, que viveu parte da juventude em Ilhéus e construiu sua base esportiva no atletismo antes de migrar para o bobsled, foi decatleta, conquistando nove títulos brasileiros, além de conquistas sul-americanas e ibero-americanas. Ele afirma que o histórico no atletismo foi fundamental para sua longevidade.
“Por conta de eu ter a facilidade de fazer várias provas, várias modalidades esportivas, eu também aprendi a cuidar bem do meu corpo. Acho que por isso eu consigo ter uma longevidade maior no esporte, graças a essa minha base dentro do atletismo. O decatlo me ajudou bastante”, analisa.
Orgulhoso do que ajudou a construir, Bindilatti observa uma realidade muito diferente da que encontrou no início da carreira, quando o Brasil ainda dava seus primeiros passos nos esportes de inverno. “Eu fico muito orgulhoso e feliz por ver a evolução dos esportes de inverno. Lá atrás a gente começou desbravando, abrindo a floresta. Hoje muitos atletas quando chegam já entendem mais sobre as modalidades, tanto o bobsled como outras modalidades também, não só gelo, mas neve. Tenho certeza de que no futuro próximo a gente pode ver medalhas em Jogos Olímpicos de Inverno”, acredita.