Elísio Lopes Jr. comenta sobre sucesso de “Torto Arado – O Musical” em Salvador

Elísio Lopes Jr. comenta sobre sucesso de “Torto Arado – O Musical” em Salvador

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Luana Veiga

Amanda Jordão

Publicado em 22/10/2024 às 17:25 / Leia em 5 minutos

Aclamado por mais de 14 mil pessoas em sua estreia na capital baiana, com todas as 28 sessões esgotadas, o espetáculo “Torto Arado – O Musical” se transformou em um dos grandes acontecimentos do teatro baiano. Inspirada no best-seller do escritor Itamar Vieira Jr., a montagem tem direção de Elísio Lopes Jr, que também assina a dramaturgia, ao lado de Aldri Anunciação e Fábio Espírito Santo, e convida o público a refletir sobre questões delicadas e difíceis, como escravidão moderna, racismo, resistência, sobrevivência, disputa de terra, bem como o universo da fé, magia, poesia e religiosidade.

Com um elenco estrelado, que tem como destaques Larissa Luz, Bárbara Sut e Lilian Valeska, no papel das protagonistas, a obra mergulha na cultura popular brasileira e em um universo repleto de seres encantados, promovendo uma verdadeira experiência mística, espiritual e de celebração da nossa identidade. Na trama, o público acompanha a trajetória das irmãs Bibiana e Belonísia, que sofrem um acidente durante a infância e vivem em condições de trabalho escravo contemporâneo em uma fazenda no sertão da Chapada Diamantina, na Bahia. 

Em entrevista exclusiva ao Alô Alô Bahia, Elísio compartilhou os desafios de trabalhar na adaptação de uma obra consagrada como Torto Arado e ressaltou a potência da arte produzida na Bahia. “Estrear com a bilheteria esgotada é a comprovação que o público baiano quer conhecer mais sobre a sua própria história e de que não precisamos importar estéticas, nem imitar ninguém (…) Pegar uma obra consagrada como Torto Arado, escrita por outro baiano, e transformar em cena, é um exercício que demanda coragem e liberdade (…) O maior desafio, sem dúvida, foi achar a linha da adaptação”, afirma o diretor, que foi convidado para fazer parte do projeto por Fernanda Bezerra, da Maré Produções, e por Aldri Anunciação.

O dramaturgo baiano, que também assina a direção e o roteiro do espetáculo que irá comemorar os 50 anos de existência do bloco Ilê Aiyê, pontua ainda que as expectativas estão altas para levar a força e a riqueza de Torto Arado para outros palcos do Brasil. “Vamos fazer uma temporada em São Paulo e nosso desejo é estrear numa data simbólica, uma data de luta, uma data preta”, adianta.

 

Confira a entrevista:

 

Qual o seu sentimento com a repercussão que “Torto Arado – O Musical” conquistou em Salvador e o que este projeto representa para a sua carreira?

Estrear com ingressos esgotados é um acontecimento para o teatro baiano. É a comprovação que o público baiano quer conhecer mais sobre a sua própria história. Quer espetáculos com o nosso sotaque, com visões poéticas sobre quem somos. Não precisamos importar estéticas, nem imitar ninguém. A nossa arte é potente e interessa. Há muitos anos que artistas baianos dão o tom nas artes brasileiras e não é diferente com o teatro. Atores, autores, diretores estão espalhados por aí tendo seus trabalhos reconhecidos. Torto Arado reforça isso, ele atesta a nossa competência e escancara a necessidade de investimento público e privado nos artistas da terra.

 

Como surgiu o convite para participar do projeto e quais foram os principais desafios envolvidos neste processo?

Fui convidado para escrever e dirigir esse espetáculo pela produtora que idealizou o projeto, Fernanda Bezerra, da Maré Produções, e por Aldri Anunciação, que junto com Fábio Espírito Santo são os meus parceiros de escrita desse texto (…) O palco é, e precisa ser, o território da invenção. E foi o que fizemos, reinventamos o Torto Arado e ele veio ainda mais potente, com as canções de Jarbas Bittencourt, as coreografias de Zebrinha e um elenco incrível, em sua grande maioria de talentos da terra. (…) Esse projeto tem mais de dois anos de existência, mas quando eu entrei, em março, ainda não tinha nenhuma cena escrita porque é realmente um desafio e a nossa tendência é querer abraçar o livro da forma mais plena possível. Acho que só consegui coordenar esse processo de adaptação porque eu também era o diretor. Então, poderia me permitir caminhos e garantir que eles desembocariam na literatura do Itamar. Esse sempre foi o nosso desejo pleno, estar de mãos dadas com a obra original.

 

⁠Após estrear em Salvador, “Torto Arado – O Musical” segue agora para São Paulo. Quais as expectativas com essa nova temporada?

Estamos nas últimas confirmações para divulgar o teatro, mas posso dizer que o nosso desejo é estrear numa data simbólica, uma data de luta, uma data preta, 20 de novembro. Estamos todos na torcida para que esse Dia de Zumbi, seja também o Dia de Bibiana, Belonísia e Donana, seja o Dia da Consciência Torto Arado em São Paulo.

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