No tradicional leilão de Ano Novo, realizado no último domingo (5), em Tóquio, um atum azul – também conhecido como atum-rabilho ou bluefin tuna – foi vendido por impressionantes 207 milhões de ienes (cerca de US$ 1,3 milhão ou R$ 7,98 milhões). O evento, que acontece no mercado de peixes Toyosu, é um marco cultural e gastronômico do Japão, atraindo compradores e mídia do mundo inteiro.
O exemplar de 276 quilos foi adquirido pelo Onodera Group, um renomado restaurante de sushi reconhecido pelo Guia Michelin. “O primeiro atum do ano está associado à boa sorte. Desejamos que aqueles que o saborearem tenham um ano maravilhoso”, declarou Shinji Nagao, gerente geral da Onodera Food Service, após o leilão.
O leilão de Ano Novo é mais do que um evento gastronômico: ele carrega um forte simbolismo de prosperidade. Restaurantes de alto padrão aproveitam a ocasião para reforçar suas marcas, exibindo exemplares excepcionais que chamam a atenção de clientes exigentes.
Em 2024, o Onodera Food Service já havia arrematado um atum semelhante por 114 milhões de ienes, quase metade do valor pago este ano. A compra, além de atrair consumidores, é vista como uma estratégia de marketing poderosa no competitivo mercado de sushi do Japão.
A riqueza do Atum Azul
O Japão consome cerca de 80% do atum azul capturado no mundo, valorizando especialmente o otoro, a parte mais gordurosa e macia do peixe, usada em sushi e sashimi de alta qualidade. Produzidos em águas frias do norte do Japão, exemplares de regiões como Oma, na província de Aomori, são considerados os melhores do mercado.
A combinação de textura única, sabor suave e equilíbrio entre gordura e carne magra torna o atum azul uma iguaria incomparável. Não é à toa que, em 2019, um exemplar foi vendido por 333,6 milhões de ienes (cerca de US$ 2,8 milhões), o recorde histórico do evento.
Raridade
A valorização do atum azul vai além de sua qualidade: ele é uma espécie de crescimento lento e reprodução tardia, o que o torna vulnerável à sobrepesca. Em 2021, graças a cotas mais rígidas e ao combate à pesca ilegal, o peixe foi retirado da lista de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Atualmente, a captura global é estimada em 60 mil toneladas por ano, mas analistas apontam para subestimações. No Mediterrâneo, por exemplo, a Líbia permitiu operações que representam até 60% da captura total na região.