A Chapada Diamantina, região da Bahia já consagrada como polo de cafés especiais, está se destacando também na cadeia de produção de leite. Segundo informações do Globo Rural, a abertura do Laticínio Chapada Diamantina, no município de Ibicoara, e o projeto Casa de Leite estão transformando o cenário econômico local, antes concentrado no turismo e na agricultura familiar.
Até pouco tempo, a produção de leite na região era quase inexistente como atividade econômica relevante. Muitos pequenos produtores utilizavam o leite apenas para consumo próprio ou venda local, sem perspectiva de crescimento. Esse cenário começou a mudar com a iniciativa de João Antonio Aguiar Barbosa, conhecido como Nando do Leite, que abriu o laticínio após uma década de planejamento e busca por crédito.
“Conseguimos organizar os documentos e mostrar que havia demanda, e aí o laticínio saiu do papel. Hoje, ele beneficia toda a comunidade”, afirmou Nando ao Globo Rural.
A história do empresário começou de forma modesta: há 20 anos, ele e a esposa, Alessandra, cuidavam de duas vacas emprestadas por um amigo em troca de pasto. A pequena produção inicial serviu para sustentar a família e gerar uma renda extra com vendas locais. Aos poucos, Nando percebeu o potencial econômico da atividade e decidiu investir em escala, criando seu próprio laticínio.
Hoje, o Laticínio Chapada Diamantina conta com 36 vacas leiteiras e produz queijos, iogurtes e manteiga, agregando valor ao leite. Nando adota um modelo inovador de colaboração: ele cede vacas a pequenos pecuaristas da região, que realizam a ordenha e entregam o leite em troca da compra gradual dos animais.
A iniciativa trouxe impacto positivo à comunidade, incentivando outros moradores a entrarem no mercado. Atualmente, são pequenos produtores que abastecem o laticínio, promovendo desenvolvimento econômico local.
Papel do projeto Casa de Leite
O projeto Casa de Leite, desenvolvido em parceria com o Sebrae e prefeituras locais, tem sido fundamental para capacitar produtores. Em comunidades como Paiol, no município de Mucugê, o projeto oferece suporte técnico e infraestrutura para incentivar a produção leiteira.
Desde seu início, em maio de 2023, a produção de leite na comunidade cresceu quase 300%. De 7,9 mil litros entregues mensalmente, o volume saltou para 31 mil litros em outubro, superando em muito a expectativa inicial. A renda gerada pela atividade, que era inexistente, alcançou R$ 73 mil por mês, atraindo até mesmo moradores sem experiência na agropecuária.
“A meta inicial era atingir 10 mil litros mensais, mas a comunidade abraçou a ideia e conseguiu ir muito além”, explicou Cássio Gois, técnico responsável pelo projeto, ao Globo Rural.
Com o sucesso do modelo, a previsão é que a comunidade de Paiol alcance R$ 1 milhão em repasses aos produtores até o final de 2024. Enquanto isso, o Laticínio Chapada Diamantina planeja expandir sua atuação, diversificando ainda mais os derivados do leite e fortalecendo o turismo gastronômico na região.