Crime atualmente, topless já foi febre e virou polêmica nas praias de Salvador

Crime atualmente, topless já foi febre e virou polêmica nas praias de Salvador

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Gabriel Moura

Sônia / Arquivo CORREIO

Publicado em 20/12/2024 às 19:09 / Leia em 3 minutos

O baiano é fruto miscigenação e se vangloria do Carnaval de cores de sua gente, mas na terra do branco mulato e do preto doutor, uma parte específica da pele provoca rebuliço geral: o seio feminino. Se quando Cabral e seus bluecaps chegaram por cá as baianas ostentavam as ‘vergonhas’ devidamente expostas, hoje o alerta é constante para evitar que qualquer centímetro de mamilo escapule do biquíni.

Um sopro de combate à caretice aconteceu em 1980, o ano em que o topless – prática onde as mulheres exibem os seios nas praias, piscinas e afins – virou febre em Salvador.

Reportagens e fotos do Correio da Bahia mostram baianas e turistas desprendidas, desnudadas e despreocupadas aproveitando praias como a dos Artistas, no Rio Vermelho.

A novidade virou o assunto da cidade. Homens chegavam a gastar os valiosos rolos de filme Kodak para eternizar o momento. As turistas mineiras Vanda, Marylli e Rosane fizeram questão de posar de peito aberto para os curiosos.

“Estou me sentindo como uma vitrine”, disse Vanda em entrevista ao Correio da Bahia. “Se a gente tem um corpo bonito, porque esconder? As pessoas precisam entender que tudo isso é decorrente de um novo tempo, de uma nova cultura. Quando inventaram o biquíni, houve também a grita geral. Mas hoje ele é encarado com muita naturalidade”, completou Marylli.

Foto: Gildo Lima / Arquivo Correio

Mania se espalhou pela cidade

Já pelos lados de Placafor, chegou a se formar uma espécie de arquibancada com 100 marmanjos que desejavam ver a jovem Nazaré.

“Não entendo essa reação do povo. O topless já pegou e o baiano ainda fica de boca aberta comendo a gente com os olhos”, reclamou.

Em determinado momento, narra a matéria do Correio, 200 homens se aglomeravam ao lado da moça, que, acuada, precisou improvisar um pano para tapar os mamilos. “O povo ainda está atrasado. Parece que isso é de outro mundo”, lamentou.

“Não sei como um povo que assiste filmes de guerra toda hora não pode aderir ao topless. Sou a favor da moda e vou continuar usando enquanto puder. O nu é lindo e sou a favor do sexo. Cenas de amor não deveriam ser proibidas no cinema ou na TV, porque é uma coisa maravilhosa”, encerrou Nazaré.

Jovens e adultos se aglomeravam ao redor das mulheres (Foto: Lourival Custodio / Arquivo Correio)

E a polícia?

Atualmente, em tese, topless pode ser enquadrado como atentado ao pudor. Ou seja: é crime. No ano passado, uma mulher foi presa em Balneário Camboriú (SC) pela prática, que é a coisa mais normal do mundo em praias de outros lugares do mundo, especialmente na Europa.

Na época, o Código Penal era o mesmo, mas nenhuma exibicionista foi para o xilindró, ao que consta em reportagens da época.

A posição da Secretaria de Segurança Pública (SSP) em 1980 foi de que o nudismo que a lei proíbe se refere apenas à parte ‘de baixo’, sendo a ‘de cima’ considerada natural.

O diretor da polícia da época apenas aconselhou as mulheres que adotem a prática revolucionária com cuidado, pois a “a população baiana” não está pronta para lidar com este nível de subversão, o que poderia levar a agressão e assédio.

Foto: Gildo Lima / Arquivo Correio

Compartilhe

Alô Alô Bahia Newsletter

Inscreva-se grátis para receber as novidades e informações do Alô Alô Bahia