O pioneirismo do designer Dih Morais deixou sua marca no Brasil Eco Fashion Week, que aconteceu na última semana, em São Paulo, dando espaço a marcas que focam nos atributos de sustentabilidade. O estilista quilombola, natural de Jequié, foi aplaudido de pé em sua estreia solo, com um desfile autoral marcante, que demarcou a importância da narrativa quilombola na moda.
Sem apoios externos ou patrocínios institucionais, a coleção “Quilombo Barro Preto” marcou a independência criativa do baiano, que, pela primeira vez, teve as passarelas dedicadas exclusivamente à sua obra. A comunidade do Quilombo Barro Preto, em sua cidade natal, e as vivências que moldaram a vida de Dih tornaram-se matéria-prima de uma coleção que emocionou o público, mostrando que a moda pode ser um instrumento de preservação e valorização da cultura afro-brasileira quando narrada por quem a vive.
O desfile contou com um casting de peso, reunindo figuras de destaque, como a artista Linn da Quebrada, as atrizes Jéssica Córes e Walquiria Ribeiro, a ativista e artista Preta Ferreira, a jornalista e atriz Pâmela Gomes, além do antropólogo, escritor e babalorixá Pai Rodney (de vermelho, ao lado do estilista).
As peças, concebidas a partir de elementos como cabaças, palha da costa e linho, carregaram tramas e crochês criados por mulheres pretas do quilombo, reafirmando o compromisso com o protagonismo feminino e a relação profunda com a ancestralidade.
A apresentação, integralmente pensada pelo próprio Dih – da escolha da trilha sonora com referências ao interior da Bahia até os conceitos de maquiagem e direção artística – encerra um ano de grandes conquistas para o estilista quilombola.