Caetano & Bethânia: irmãos Veloso transformam Arena Fonte Nova em Santo Amaro

Caetano & Bethânia: irmãos Veloso transformam Arena Fonte Nova em Santo Amaro

Redação Alô Alô Bahia

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Maysa Polcri para o Correio

Maysa Polcri/CORREIO

Publicado em 01/12/2024 às 09:31 / Leia em 5 minutos

Quando subiram ao palco para encarar a Arena Fonte Nova lotada, às 21h04 de sábado (30), Caetano Veloso, 81, e Maria Bethânia, 78, foram recebidos por uma plateia ansiosa e em êxtase. A turnê dos irmãos símbolos do MPB finalmente chegou a Salvador, para a alegria dos fãs que esgotaram os ingressos. Durante duas horas de apresentação apoteótica e praticamente sem respiro, Caetano e Bethânia emocionaram o público, relembraram sucessos de décadas passadas e fizeram homenagens. Mais do que isso: transformaram, por algumas horas, a capital em Recôncavo baiano.

Entre a última turnê em conjunto da dupla, em 1978, e o show de sábado (30), passaram-se 46 anos. Os primeiros acordes de “Alegria, Alegria” – música de abertura da apresentação – fizeram parecer que quatro décadas sequer haviam sido percorridas. A conexão entre Caetano e Bethânia foi intensa do início ao fim do espetáculo, inclusive, nas canções solo, quando um assistia o outro cantar.

Os irmãos distribuíram acenos e beijos, arriscaram passos tímidos de samba de roda e falaram poucas vezes com o público, que aplaudiu ao final de todas as 40 músicas da apresentação. A lista de canções seguiu praticamente a mesma dos shows em outras cidades, com algumas poucas exceções. Caso de “Você Já Foi a Bahia?”, de Dorival Caymmi, que eles cantaram nos minutos finais.

A turnê Caetano & Bethânia, que já passou por cidades como Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, rememora a primeira (e a até então, única) série de shows estrelados pelos irmãos Veloso. Mas vai além. Relembra os Doces Bárbaros, banda que contava ainda com Gal Costa e Gilberto Gil; faz homenagem aos artistas-amigos e localiza-se no tempo presente, através de manifestos.

Durante boa parte do show, imagens antigas da família Veloso foram projetadas, transformando o telão em um álbum de família gigante. Quando cantaram “Baby” e “Vaca Profana”, registros de Gal Costa apareceram e foram ovacionados pelo público emocionada. “Gal para sempre. Ela foi o mais perfeito eco da Bossa Nova“, disse Caetano, arrancando gritos da plateia. Gilberto Gil também foi lembrando, com fotos no telão durante a música “Filhos de Gandhi”.

Na parte final da apresentação, Caetano e Bethânia cantaram “Fé”, composição da cantora Iza. “Fé pra enfrentar esses filhas da puta”, disseram ao público. A diversidade de gerações foi a grande marca da plateia, que encheu todos os setores da Arena. Famílias inteiras, inclusive de outros estados, comprovam que o sucesso dos irmãos é atemporal.

O produtor cultural George Vladimir, de 49 anos, estava acompanhado dos pais e de parentes mais novos. Todos vestiam camisas com as imagens dos cantores. O grupo era formado por 16 pessoas, que têm idades entre 13 e 65 anos. “Meus pais viram o show no Teatro Santo Antônio, em 1978, e, agora, toda família está vivendo esse momento de novo“, disse, fazendo referência aos shows da primeira turnê em conjunto dos artistas.

“Caetano e Bethânia não são mais pessoas, apenas. Eles representam um imaginário da Bahia. Estar aqui é se expressar como baiano e celebrar a Bahia. É um momento ímpar”, falou.

Os artistas não quiseram falar para a imprensa no sábado (30). Em um vídeo publicado nas redes sociais na semana do show, os irmãos falaram sobre a sensação de voltar a cantar juntos na capital baiana. “Salvador é tipo voltar para casa. Há uma certa exigência por parte do público, e um olhar de atenção e cuidado. Quase como se estivesse cobrando alguma coisa. E na Fonte Nova, né? É como jogar em casa”, falou Caetano.

Bethânia, seguindo a mesma linha, completou. “Salvador sempre estremece o coração”, disse. Dá para dizer que a relação entre os irmãos e o público baiano é mútua. Um dos momentos mais emocionantes da apresentação foi quando Caetano Veloso cantou uma sequência de músicas solo. Em “Sozinho”, o público, emocionado, acendeu as lanternas dos celulares. Vieram, em seguida, “O Leãozinho”, “Você Não me Ensinou a te Esquecer” e “Você é Linda”.

A sequência solo foi encerrada por “Deus Cuida de Mim”, composição com o pastor Kleber Lucas. “Canção que representa minha vida e a importância enorme que dou ao fenômeno do crescimento das igrejas evangélicas no Brasil“, disse Caetano, em uma das poucas interações de fala com o público.

Depois, foi a vez de Bethânia começar sua parte solo, com “Brincar de Viver”. A cantora apareceu com outra vestimenta: um conjunto com brilhos, sobretudo verde e detalhes dourados.

Tal qual um ciclo que se encerra, a penúltima canção foi “Tudo De Novo”, a mesma que abria os shows da dupla na turnê de 1978. Com os versos “A mesma grande saudade, a mesma grande vontade”, Caetano e Bethânia resumiram o reencontro de sensação intimista, mas que foi presenciado por milhares de pessoas.

Mais do que isso, mostraram que noites como essa, podem nos levar para o tom. Sob aplausos, os irmãos Veloso retornaram ao palco e deixaram tudo “Odara” pela última vez.

Para quem não teve oportunidade de assistir ao show, uma data extra foi aberta. Será no dia 8 de fevereiro, na Arena Fonte Nova. Os ingressos estão à venda e custam entre R$140 (pista) e R$1.360 (camarote).

Fãs que compraram ingresso para o primeiro show terão 60% de desconto na segunda apresentação. A exceção são as pistas. Até agosto, já haviam sido vendidos 320 mil ingressos para as apresentações da turnê – a maior do país neste ano.

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