Durante um evento do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, expressou sua preocupação com o que chamou de uma “nova onda de autoritarismo” emergindo globalmente.
Em tom firme, Barroso garantiu que o STF estará preparado para resistir a qualquer ameaça autoritária, independente de sua origem. “Estaremos lá para resistir a qualquer ímpeto autoritário importado de qualquer lugar do mundo”, afirmou.
Barroso também comentou a recente vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, destacando que, embora o contexto possa apresentar novos desafios à diplomacia brasileira, o corpo diplomático do país tem experiência e capacidade para manter relações pragmáticas e focadas nos interesses nacionais.
Trump, que compartilha alianças com líderes como o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, já indicou que pode retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris novamente, o que causaria impacto nas articulações globais sobre o clima. Bolsonaro, por sua vez, afirmou que solicitará a devolução de seu passaporte ao STF para participar da posse de Trump em janeiro, reforçando os laços entre as lideranças de direita.
O presidente do STF, questionado sobre uma possível ameaça à democracia no Brasil, reafirmou sua confiança nas instituições brasileiras e no equilíbrio entre os poderes. “O Brasil vive uma normalidade institucional, com as divergências naturais de uma vida democrática. Há uma boa relação entre os Poderes e com o presidente do Senado e da Câmara”, destacou Barroso.
Em relação ao impacto da nova liderança norte-americana no cenário climático global, Barroso observou que, caso os Estados Unidos optem por um distanciamento, isso pode abrir espaço para outras nações assumirem protagonismo nas questões ambientais. Ele citou a China como exemplo de possível liderança emergente na luta contra as mudanças climáticas, ressaltando que o mundo humanista exige um compromisso firme com o clima.
“Ao mesmo tempo que há riscos, há uma oportunidade para o surgimento de novas lideranças. Não sabemos como as ‘placas tectônicas’ vão se ajustar, mas há uma demanda crescente por um enfrentamento sério às mudanças climáticas, e quem sabe novas lideranças possam emergir desse contexto”, concluiu Barroso.