Um dos destaques da minissérie “Os Quatro da Candelária”, que narra a história de um dos massacres mais conhecidos do país, o ator Patrick Congo comemora a repercussão e o impacto que a obra tem tido no público. “Está sendo muito gratificante ver o retorno das pessoas (…) Contar essa história é difícil e não tem como não sentir nada. Mesmo sendo ator (…) Saber que essa história está chegando a outras pessoas e culturas é muito importante. Acredito que Candelária vai mudar muitas pessoas. Esse é o dever de falar sobre sonhos não serem interrompidos”, conta Patrick, em entrevista a QUEM.
O artista, que interpreta o personagem Sete, passou por um intenso processo de preparação e chegou a contar com o apoio de dois sobreviventes do massacre. “Eles relataram toda a história e estavam com a gente durante as gravações. Foi muito rico. Eles davam apoio moral e sinalizavam como fazer. Se eles não tivessem presentes, só teríamos informações coletadas e não seria tão impactante o trabalho. Eles viveram, estavam ali. Tiveram muitos momentos fortes”, afirma.
Além do aprendizado como artista, Patrick conta que o novo trabalho também tem influenciado em outros aspectos da sua vida. “Vejo muito o Sete em mim. Substituí o sonho dele de se formar na Marinha, pelo meu de ganhar o Oscar. Fui colocando coisas que tem na minha vida para me aproximar do personagem (…) O Sete me levou mais para a espiritualidade. Ele me fez ver as religiões de matriz africana de uma maneira diferente. Era um cara muito duro, de olhar e repreender algumas coisas. Hoje frequento casa de Candomblé e estou me cuidando. O Sete abriu minha mente e me salvou (…) Minha família toda é de matriz evangélica e fui buscar depois do trabalho alguém que já tinha ido à macumba. A avó da minha mãe era mãe de santo e a família do meu pai também. Entendi que poderia ter alguma coisa por herança e fui pesquisando, me conhecendo, me cuidando. A ancestralidade bateu por completo”, pontua.
Natural do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, o ator revela ainda que as suas expectativas para o futuro são altas. “Espero ganhar outros papéis grandes, que seja em uma novela, uma série, e não só uma participação. Quero abrir espaço para outros atores da Maré também. Tem muita arte e cultura em várias periferias e quero potencializar. Esse é meu dever. Continuar abrindo espaço para quem vai vir seguindo quem já fez isso lá atrás“, deseja.