Esmeralda Bahia: entenda o que faz pedra disputada por Brasil e EUA valer quase R$ 6 bilhões

Esmeralda Bahia: entenda o que faz pedra disputada por Brasil e EUA valer quase R$ 6 bilhões

Redação Alô Alô Bahia

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Andrew Spielberger/AP

Publicado em 30/10/2024 às 17:35 / Leia em 5 minutos

Maior que o PIB do Sudão do Sul ou de Burundi. Esse é o potencial valor de uma esmeralda que é disputada entre pessoas do Brasil e do Estados Unidos.

Encontrada em 2001 na cidade de Pindobaçu, na Bahia, e pesando entre 340 e 380 quilos, a preciosidade foi levada ilegalmente para os Estados Unidos e, desde então, sua posse é disputada e questionada.

O que mais chama atenção no item raro é o valor, que pode chegar a R$ 6 bilhões segundo algumas estimativas. O valor exato é difícil de ser estabelecido.

A precificação de objetos deste tipo não segue os métodos de avaliação de gemas para o mercado de joias pois essa peça apresenta valor comercial para colecionadores, museus e universidades dada sua raridade e beleza própria.

Caso fosse feita a precificação de forma tradicional, teria que ser separada a quantidade exata de esmeralda dentro da pedra, que possui outros materiais. Um quilate de esmeralda custa aproximadamente 9 mil dólares (R$ 51 mil).

Já um quilate é equivalente a 0,0002 quilogramas. Ou seja: caso existam 25 quilos de esmeralda pura na rocha, o valor seria de aproximadamente R$ 6,3 bilhões. 

Para se ter ideia, uma pedra similar, com 227 quilos (ao menos 113 a menos que a Esmeralda Bahia) será leiloada em breve. O lance mínimo é de R$ 150 milhões.

História da pedra
A fascinante história da Esmeralda Bahia, uma das maiores pedras preciosas do mundo, mistura fatos e lendas que intrigam e despertam cobiça global.

Desde a descoberta na Serra da Carnaíba, na Bahia, em 2001, a esmeralda gigante – com quase 400 quilos – foi envolvida por mistérios e disputas, movendo-se entre mitos e realidade.

Histórias sobre o percurso da pedra nos EUA vão desde ataques de onças à sua travessia pela selva até sua perda nas águas durante o Furacão Katrina, que, embora pareça inverossímil, é uma das poucas lendas com fundo de verdade.

Desde que foi extraída da mina, a Esmeralda Bahia passou a protagonizar uma saga jurídica e diplomática. Atualmente, uma disputa no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Columbia coloca o Brasil contra um grupo de investidores americanos, que reivindicam a posse da pedra.

A nação brasileira afirma que a rocha foi ilegalmente minerada e contrabandeada, defendendo seu retorno ao país como tesouro nacional. “Não somos movidos por interesses financeiros”, diz Boni de Moraes Soares, promotor federal, frisando o desejo de preservar o patrimônio cultural e natural do Brasil.

A Serra da Carnaíba é conhecida por abrigar um dos maiores depósitos de esmeraldas do mundo, especialmente pedras de tamanho imponente e brilho único. A própria Esmeralda Bahia, com seus cristais de verde profundo, reflete a singularidade da região. Uma vez na posse de Alderacy de Carvalho, o “General”, a pedra foi adquirida por apenas US$ 1.700 (R$ 9,69 mil) antes de ser revendida para intermediários, que a levaram para São Paulo e depois aos Estados Unidos.

A saga da esmeralda teve início em 2001, quando um lavrador desconhecido extraiu a pedra bruta da Mina da Carnaíba, em Pindobaçu (BA), sem autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Em seguida, a vendeu para uma dupla de brasileiros, sócios em negócios envolvendo pedras preciosas.

Foi só o início de uma jornada repleta de irregularidades e disputa por poder. O envio ilegal ocorreu em 2005, por meio do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), com destino à Califórnia. Segundo a Polícia de Imigração e Alfândega dos EUA e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, o receptor foi um geólogo, “pessoa de confiança dos brasileiros para negociação da pedra em solo americano”.

Lá, a Esmeralda Bahia atraiu a atenção de investidores e colecionadores de todo tipo. Entre eles, Jerry Ferrara, um empresário de imóveis e gemas da Flórida, e Kit Morrison, um homem de negócios de Idaho, investiram milhares de dólares com a esperança de lucrar com a venda da pedra. Em um cenário de reviravoltas, eles enfrentaram a polícia, especuladores e uma infinidade de processos, mas nunca chegaram a ver o valor da pedra se concretizar.

Retorno
O Brasil, ciente de que suas riquezas naturais e culturais estão em jogo, interveio, acionando tratados internacionais para recuperar a Esmeralda Bahia e acusando os intermediários de contrabando e falsificação de documentos. “Não somos uma colônia”, declarou a juíza brasileira Valdirene Ribeiro de Souza Falcão, enfatizando a importância de proteger o patrimônio nacional.

Após anos de disputas, o tribunal americano deve finalmente anunciar um veredito. Embora a decisão final ainda seja incerta, Morrison já se mostra resignado e considera que, se a esmeralda é realmente um tesouro nacional, seu destino é o Brasil.

O juiz dos EUA Reggie B. Walton anunciou que em breve emitiria sua decisão. A gema está prestes a deixar a custódia do Departamento de Polícia de Los Angeles. Mas Morrison, que estabeleceu suas credenciais de propriedade no Tribunal da Califórnia, não acha que será devolvida a ele.

Contudo, Ferrara ainda nutre esperança de reivindicar a posse. “Lutei por 16 anos. Não é à toa que dediquei tanto tempo”, afirma.

O governo brasileiro alega que a gigante esmeralda é um tesouro nacional e, por isso, precisa voltar para o país. A expectativa é a de que a pedra preciosa, considerada uma espécie rara e única, seja exposta em um museu ou utilizada para fins científicos.

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