O Brasil quase dobrou o número de médicos nos últimos 14 anos, passando de 304 mil profissionais, em 2010, para aproximadamente 576 mil em 2024, conforme dados do estudo Demografia Médica no Brasil, divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), nesta terça-feira (15). Apesar do crescimento expressivo, o levantamento ressalta que as desigualdades na distribuição de médicos pelo território nacional continuam acentuadas.
Estados como o Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo possuem uma alta concentração de médicos em relação à população, com índices de 6,3, 4,3 e 3,7 médicos por mil habitantes, respectivamente. No entanto, em regiões como Amazonas (1,6), Amapá (1,5), Pará (1,4) e Maranhão (1,3), os números são significativamente menores, evidenciando disparidades no acesso aos profissionais de saúde.
Segundo o CFM, o crescimento no número de médicos nas regiões com menor proporção de profissionais por habitante foi significativo, superando 67% nos últimos 14 anos, mas ainda insuficiente para reduzir as desigualdades. O presidente do órgão, José Hiran Gallo, destacou a necessidade de políticas públicas que incentivem a migração e fixação de médicos em áreas remotas e de difícil acesso.
O estudo também apontou que as capitais concentram mais da metade dos médicos do país, apesar de abrigarem apenas 23% da população brasileira. No interior, onde vivem 77% dos brasileiros, apenas 48% dos médicos estão presentes. A capital Vitória (ES) se destaca com a maior proporção de médicos por habitante, com 18,7 profissionais para cada mil pessoas, enquanto áreas do interior do estado contam com apenas 2,25.
Para o CFM, é fundamental criar políticas de recursos humanos voltadas à redistribuição dos profissionais e à formação de médicos com foco nas necessidades regionais do país.