A Bahia teve o segundo maior aumento absoluto no rebanho de bovinos no país em um ano. Conforme dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado teve um acréscimo de 764 mil cabeças de gado no ano passado, um aumento de 6,1% em relação a 2022.
De acordo com o IBGE, a Bahia saiu de aproximadamente 12,5 milhões para 13,3 milhões no período de 2022 a 2023, o maior acréscimo do estado em 49 anos da pesquisa. No recorte analisado, os baianos só perderam para os paranaenses, que tiveram um crescimento de cerca de 822,7 mil bovinos. Com o aumento, o estado passou a ter o sétimo maior rebanho do país e o primeiro da região Nordeste. À frente da Bahia, apenas Mato Grosso, Pará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
A principal razão para o crescimento é o ciclo pecuário, que teve uma valorização dos bezerros em 2022. É o que aponta a Supervisora de Disseminação de Informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros. “Nós estivemos em um ciclo de valorização financeira dos bezerros até 2022. Por conta disso, houve um abate menor das vacas para que elas procriassem mais bezerros e ampliassem os rebanhos de bovinos. Por conta do preço dos bezerros, era vantajoso para os pecuaristas ampliar os planteis. O que vemos em 2023 é uma consequência disso”, explica.
Ela ainda acrescenta que o estado da Bahia tem particularidades que favorecem a criação do gado. “Aqui [na Bahia] tem muita criação de pasto livre, então o clima sem muitas chuvas e secas, como o de 2023, é o ideal. Outro ponto é o fato dos pastos estarem em regiões de produção de grãos. Por conta disso, a alimentação do gado é facilitada e, consequentemente, a criação. É o que facilita, por exemplo, a região do oeste baiano. Os pastos tem proximidade com produtoras de milho e soja, commodities utilizadas na alimentação dos animais”, aponta.
Localizada no oeste do estado, Santa Rita de Cássia, que tinha o quarto maior efetivo em 2022, se tornou o município com maior rebanho bovino da Bahia no ano passado, com 188,4 mil cabeças. No sul do estado, Itamaraju e Itanhém completam o pódio, com 183,2 mil e 169 mil, respectivamente.
Até o momento, o aumento do rebanho oferece uma tendência de queda no preço das carnes bovinas, segundo Mariana Viveiros. No entanto, a partir de 2025, a consultoria Datagro projeta um aumento no valor pago pelos consumidores. De acordo com a pesquisa, divulgada na terça-feira (17), o país terá um aumento no abatimento de bois este ano, o que acarretará em uma diminuição das cabeças de boi de 4,6% em 2025 e 7,6% em 2026. Segundo o levantamento, a queda na produção levará ao aumento nos preços.
No total, a Bahia teve um crescimento na produção pecuária como um todo, passando de R$ 3,2 bilhões para R$ 3,3 bilhões, um crescimento de 2,2%. O montante gerado em 2023 foi o maior já registrado desde a vigência do real, ou seja, desde 1994.