E lá se vão 23 anos de tradição! A Lavagem da Madeleine, maior e mais importante tradição afro-brasileira na Europa, cumpre, por mais um ano, o papel de levar a cultura brasileira às ruas de Paris. Neste domingo (15), cerca de 100 mil franceses, brasileiras e brasileiros, pessoas de diferentes nacionalidades, tornaram-se um só corpo nas ruas da capital francesa. O ponto alto do evento aconteceu na “Place de La République”, no Centro da cidade. Entre os parisienses, um ilustre se sobressaiu em meio à multidão: o ator Vincent Cassel, habitué da Bahia, esteve na lavagem.
O comandante do cortejo da Lavagem da Madeleine não poderia ser outro. Feito um ímã, o cacique Carlinhos Brown atraiu a multidão que seguia, como uma procissão, o trio elétrico. Brown participa da Madeleine desde sempre e faz coro à imagem auspiciosa da Bahia que o evento leva à Europa. “São 23 anos da Lavagem de Madeleine. É uma festa brasileira respeitadíssima, a maior e mais importante tradição afro-brasileira na Europa, que reúne milhares de pessoas em Paris em uma mesma sintonia. Um encontro lindo, que tal como outras Lavagens, acontece por motivo de agradecimento espiritual”, ressalta Brown.
Este ano, o compositor escreveu, em francês, uma homenagem às três Madalenas: a Santa Madalena, a filha dele, Mada, e a sua mãe, Madalena. A composição da letra teve o auxílio de Roberto Chaves, o Robertinho, idealizador do evento. Atrás do trio de Brown, vieram também diversas alas, como: Batucada Batalá, com Maestro Giba Gonçalves; Maracatu Nação Oju Oba, sob a liderança do mestre Leto Nascimento; Cabaret Gandaia; Batucada Brasis; Batucada Badau; Coletivo Famme de Lá Resistente; Capoeira Sete Quedas; Alas das Baianas com Pai Pote; Drums & Batucada Teacher; e Mada Dançe.
Por sinal, para Robertinho, que há mais de duas décadas encanta Paris com sua arte, a Lavagem é muito mais do que uma festa. É uma resistência e uma mensagem de luta. “A Lavagem é um evento que retrata um Brasil afrodescendente, um Brasil que está além do samba; traz o maracatu, a capoeira e diversas expressões culturais brasileiras. É um movimento de resistência, que reivindica a paz e a liberdade, contra a intolerância religiosa, o racismo e o preconceito. A Lavagem é uma afirmação: uma amostra do Brasil plural e de diversas facetas manifestando de forma pulsante e vibrante na capital francesa”, enalteceu.
Nesta 23ª edição, houve também, na programação, um pocket show com Karla de Souza e um workshop de dança que apresentou atividades de dança afro-brasileira e Zumba-Axé, conduzido pelos professores Dimi Ferreira e Siddy Fit. E além das festividades nas ruas, o novo filme da cineasta Liliane Mutti, “Madeleine à Paris”, que retrata o cortejo afro-brasileiro a partir de um olhar entrelaçado entre a festa e seu criador, Robertinho, foi exibido. Há 6 anos Liliane Mutti, cineasta baiana radicada em Paris, acompanha os bastidores da Lavage de la Madeleine.
A festa de encerramento da Lavagem de Madeleine será marcada pela Feijoada da Coisa Nossa, acompanhada por uma roda de samba organizada pelo Samba da Quebrada de Juliann Tavares, com o grupo Atividade na Laje, além da participação dos DJs David Costa, Brasileira e Çaravá. Veja registros deste domingo (15):