Conheça o médico baiano autor de história em quadrinhos

Conheça o médico baiano autor de história em quadrinhos

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Nilson Marinho para CORREIO

Divulgação

Publicado em 24/06/2024 às 11:02 / Leia em 5 minutos

Dois irmãos, Risoto e Ricota, estão à espera da refeição preparada pela mãe. O alimento, que não chega a ser posto à mesa, vai ao chão depois que ela enxerga um suspeito entrando pela porta principal da simples casa. A mulher parece saber de quem se tratava e por que naquele momento seria separada dos seus pequenos. Antes de ser arrancada do imóvel de forma súbita, no entanto, tratou de acalmar as crianças. Tudo ficaria bem, disse ela, antes de ser levada para um destino desconhecido.

Sem um responsável, restou para o Estado o dever de tutelar as crianças, mas um quarto personagem cruza o caminho delas, João, um homem de vida pessoal em tons cinza e de vida profissional de muitos aborrecimentos. Ele as salva de uma casa de acolhimento e de uma possível irresponsável adoção. A partir daí, tudo é fantasia, e os pequenos humanos são transformados em um tamanduá e um macaco. Juntos, em busca do seio materno perdido, eles desbravam um mundo fantástico, ambientado na Chapada Diamantina, Bahia, “uma terra encantada, vasta de território, além da imaginação, que esconde maravilhas sob cada pedra e aventuras a cada esquina”.

Esse é um breve resumo do início de uma história em quadrinhos, O Muragô, produzida pelo médico e quadrinista soteropolitano Rafael Kachec. O resultado de um projeto que começa a ser pensado em 2016, quando o jovem decide fazer cursos de desenhos para aprimorar suas habilidades artísticas e dar vida, mais uma vez, à criança que foi no passado, um pequeno criativo, nerd talvez, e amante de revistas em quadrinhos, sobretudo de Mauricio de Sousa, o criador da Turma da Mônica.

“Muragô é um projeto grande, um mundo fantástico inspirado no Brasil, nossa fauna, flora e cultura. Nesse primeiro volume, acompanhamos a aventura de Ricota e Risoto, dois irmãos que vão atrás da mãe que desapareceu. A história inicialmente é no mundo real, mas eles vão para o mundo imaginário, fictício, quando a mãe desaparece. Eles vão conhecer novos personagens e enfrentar desafios”, explica o autor.

Só após quatro anos de maturação, em 2020, em meio à pandemia de covid-19, e diante das incertezas daquela nefasta ocasião, é que Kachec tira a ideia do papel e começa a traçar as primeiras figuras do que mais tarde seria o Muragô. Durante esse processo, que contou com pesquisas referenciais, produção de roteiro e execução das ilustrações, o médico teve como inspiração o quadrinista conterrâneo Hugo Canuto, autor da história em quadrinhos Contos dos Orixás, além da cartunista e ilustradora paulista Helô D’Angelo.

“Eu queria produzir uma coisa que fosse daqui, que pudesse inspirar crianças, já que temos muitas coisas fantásticas. Geralmente, quando pensamos em fantasia, pensamos em castelos medievais, com montanhas nevadas, mas eu queria fazer algo mais próximo da nossa realidade”, conta o médico.

O Muragô ficou pronto em 2023 e está disponível gratuitamente para leitura on-line, mas o quadrinista também queria que seus leitores pudessem ter a chance de ler a versão física, por isso, um financiamento coletivo foi feito para a impressão da obra, que pode ser comprada no site do projeto.

A campanha foi bem sucedida, já que Kachec conseguiu arrecadar 85% dos R$ 26.100 que estipulou como meta. Na ocasião, 117 pessoas o ajudaram. O quadrinho está em seu volume um, mas por se tratar de um “projeto grande”, como o próprio médico descreve, novos capítulos da aventura dos dois irmãos serão lançados em volumes posteriores.

Ainda em 2023, antes do projeto ser finalizado, o quadrinista estava em meio ao estágio na enfermaria de um ambulatório pediátrico quando recebeu uma notificação de um novo e-mail. Era a produção da Comic Con Experience (CCXP), que confirmava a participação dele na convenção brasileira de cultura pop daquele ano.

O convite veio após o jovem submeter seu portfólio à organização. Foi necessário, inclusive, correr para finalizar o Muragô a tempo de apresentá-lo no evento. “Foi maravilhoso, nunca tinha participado de um evento sobre quadrinhos daquele nível. Conheci muita gente, muitos quadrinistas e artistas legais, embora recompensador, também foi trabalhoso por ser um evento muito grande”, lembra.

Hoje, o quadrinista baiano mora em Belo Horizonte (MG), onde faz residência médica em Medicina de Família e Comunidade. Por falar nisso, ao ser questionado sobre o gosto e como lida com as duas distintas áreas, Rafael responde: “Uma relação complexa, são duas coisas que eu gosto muito, mas que mexem de maneiras diferentes comigo. Eu gosto de fazer arte, mas nunca tive a pretensão de produzir em um ritmo muito rápido, gosto de desenhar as minhas coisas no meu limite. Ser médico me permite muito isso, porque posso ter outra fonte de renda que não o desenho. Por outro lado, o desenho me ajuda a relaxar e me desconectar um pouco”.

 

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