Salvador é uma cidade que não se visita, se vive. Em três dias, o viajante consegue percorrer séculos de história, quilômetros de litoral e uma cena cultural que pulsa em ritmos próprios. Perfeita para todos os tipos de turista, a cidade se adapta à todos os gostos e oferece programações inesquecíveis até para os mais exigentes.
Dia 1 – Igrejas, ladeiras e a cidade que nasceu no alto
O primeiro dia começa na Cidade Alta, onde Salvador foi fundada em 1549. O Pelourinho funciona como eixo inicial, não apenas pela força visual dos casarões coloniais, mas pelo papel histórico que o bairro ocupa na formação social e econômica do país.
A caminhada passa pelo Largo do Pelourinho, segue pela Igreja do Rosário dos Pretos, construída por pessoas negras escravizadas e libertas, e alcança a Catedral Basílica, antiga igreja dos jesuítas. Poucos metros adiante, o interior da Igreja e Convento de São Francisco impõe silêncio: paredes, colunas e tetos cobertos por ouro sintetizam a opulência do barroco baiano.
O percurso continua pelo Terreiro de Jesus, ponto de encontro entre estudantes, artistas e turistas, e segue em direção ao Largo do Cruzeiro de São Francisco, um dos trechos mais fotografados da cidade. Ao longo do caminho, ateliês, lojas de artesanato e centros culturais oferecem pausas naturais.

Depois do almoço, a descida até a Cidade Baixa pode ser feita pelo Elevador Lacerda, que oferece vista ampla da Baía de Todos-os-Santos. Já no nível do mar, o roteiro inclui o Mercado Modelo, onde gastronomia típica, souvenires e música se misturam ao fluxo constante de visitantes.
Ainda na região, vale ir de carro, ou caminhando, se estiver no pique, até a Basílica do Senhor do Bonfim, símbolo da religiosidade baiana, conhecida pelas icônicas fitinhas coloridas amarradas nas grades. Pela noite, vale o retorno ao iluminado Pelourinho, onde bares, shows e grupos de percussão ditam o ritmo. Fundamental degustar o tradicional Cravinho.
Dia 2 – Fortes, orla e a Salvador que se volta para o mar
O segundo dia acompanha o desenho da costa. A manhã começa no Farol da Barra, instalado no Forte de Santo Antônio. Além da vista estratégica do litoral, o local abriga o Museu Náutico da Bahia, que contextualiza a importância marítima da cidade desde o período colonial.
A poucos minutos dali, a Praia do Porto da Barra convida a um mergulho. De águas calmas e frequentada por moradores, é uma das praias urbanas mais tradicionais da capital. Após a pausa, o roteiro segue pela orla em direção ao Corredor da Vitória, bairro que concentra áreas residenciais, edifícios históricos e museus.

O Museu de Arte da Bahia (MAB) surge como parada cultural, reunindo obras que atravessam séculos da produção artística local. Na sequência, o caminho leva ao Solar do Unhão, conjunto arquitetônico à beira-mar que abriga o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM). O espaço combina exposições contemporâneas, arquitetura histórica e uma das vistas mais abertas da Baía.
À tarde, o destino é o Rio Vermelho. O bairro concentra praias rochosas, bares, restaurantes e pontos simbólicos da vida cultural soteropolitana. A Casa do Rio Vermelho, antiga residência de Jorge Amado e Zélia Gattai, permite compreender como Salvador influenciou a literatura brasileira.
Aqui, vale um retorno ao Farol da Barra para degustar o inesquecível pôr-do-sol da região. À noite, é hora do Rio Vermelho, a Meca da boêmia soteropolitana reúne alguns dos melhores bares, boates e casas de shows da cidade.
Dia 3 – Um dia desenhado pelo perfil do viajante
No terceiro dia, Salvador se fragmenta em possibilidades. O roteiro se adapta ao interesse de quem visita.
- Para quem quer mais praia:
O litoral norte concentra algumas das melhores opções. Stella Maris e Flamengo oferecem longas faixas de areia, barracas estruturadas e mar aberto. São ideais para passar o dia inteiro, alternando banho de mar e descanso.
- Para quem busca cultura e patrimônio:
Além de revisitar o Centro Histórico, o dia pode incluir o Museu Afro-Brasileiro, com acervo dedicado às matrizes africanas da cultura baiana, e o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, que guarda documentos e mapas sobre a formação do estado.
- Para quem prefere museus e exposições:
O Museu Carlos Costa Pinto apresenta um recorte menos turístico da história local, com peças ligadas à elite baiana dos séculos XVIII e XIX. O roteiro pode ser complementado por galerias independentes espalhadas pela Vitória e pelo Centro.
- Para quem é guiado pela música:
Ensaios de blocos afro, rodas de samba e apresentações em casas culturais ajudam a entender por que a música ocupa papel central na identidade da cidade. Pelourinho e Rio Vermelho concentram grande parte dessa programação.
- Quem quer conhecer ‘Salvador raiz’:
Explorar Ribeira e arredores é o caminho para quem quer conhecer uma Salvador ‘raiz’, frequentada pelos próprios soteropolitanos. Por lá, se encontram algumas das mais deliciosas moquecas da cidade, além de praias de águas calmas e areias agitadas. A fundamental Sorveteria da Ribeira é parada obrigatória, assim como o pôr-do-sol no Humaitá.
- Para quem quer sair da capital:
A Praia do Forte, a cerca de 80 quilômetros de Salvador, é um dos passeios mais procurados. A vila combina praias de águas claras, restaurantes, lojas e o Projeto Tamar, referência na preservação de tartarugas marinhas.