“Posso tirar uma foto sua?”. Foi com essa simples abordagem que o baiano Roberto Luís de Oliveira Costa, 34 anos, viralizou nas redes sociais ao publicar vídeos em que fotografa desconhecidos nas ruas de Salvador. Depois de aceitar o convite, cada pessoa participa de uma breve entrevista, fala sobre a própria aparência e arrisca a nota — de 0 a 10 — que acredita que os seguidores darão para as fotos.
Um dos vídeos de maior repercussão foi o da vendedora de consórcios Samanta, 34 anos, abordada durante o intervalo de almoço. Publicado em abril de 2024, o conteúdo ultrapassou 11,4 milhões de visualizações até esta sexta-feira (28). Somando todas as plataformas, Roberto já acumula mais de 30 milhões de views mensais, além de mais de 750 mil seguidores apenas em um de seus perfis.
Antes do novo formato viral, o fotógrafo já se destacava ao ensinar técnicas de fotografia com câmera profissional e celular. Com mais de 10 anos de carreira, ele é especializado em fotografia de casamento e possui prêmios internacionais na área.
Do aquarismo à fotografia
Nascido em São Félix e criado em Muritiba, no Recôncavo baiano, Roberto já foi fuzileiro naval e dono de uma loja de aquarismo. A fotografia entrou em sua vida quando descobriu que seria pai. Movido pelo desejo de registrar a gestação, decidiu comprar uma câmera e se especializar. Ao publicar as imagens nas redes sociais, começou a receber elogios e pedidos de indicação — e percebeu que havia ali uma oportunidade.
Em dois meses, a fotografia já rendia mais que a loja. Ele decidiu, então, dedicar-se integralmente ao novo ofício.
A virada em Salvador
Roberto conquistou cerca de 80 mil seguidores ainda no interior. Mas foi ao se mudar para Salvador que viu seu trabalho ganhar dimensão nacional. A adaptação, porém, não foi simples. “O mercado de eventos é muito fechado. Quem está fora da bolha não consegue trabalhar”, relembra.
Sem demanda, ele decidiu mostrar seu talento na rua — e encontrou no formato das abordagens espontâneas um novo caminho. “Sempre fui desenrolado. Conversar com as pessoas e conhecer suas histórias se tornou natural”, conta.
Histórias que ganham alcance
Segundo Roberto, muitos dos retratados passaram a relatar mudanças significativas após a divulgação das fotos. “Tem gente que ganhou 70 mil seguidores, gente promovida no trabalho, gente que virou modelo profissional. É muito legal ver isso acontecer”, celebra.
Os impactos, porém, vão além da visibilidade. “Muitas pessoas estavam passando por depressão ou não conseguiam enxergar a própria beleza. Acabou virando um trabalho que, além de me promover, também promove outras pessoas”, destaca.
A fotografia também transformou sua própria história. “Eu não tive pai, minha mãe criou eu e meu irmão sozinha, e a gente passou por muita privação. Com a fotografia, consegui mudar a vida da minha família”, afirma.
Planos para o futuro
Agora, Roberto pretende investir na criação de cursos virtuais para apoiar fotógrafos iniciantes e pessoas interessadas em ingressar no mercado. “Quero ajudar quem está começando, assim como um dia eu precisei aprender”, diz.
