Paisagem Sonora celebra Alberto Pitta com shows, seminários e lançamentos em Salvador

Paisagem Sonora celebra Alberto Pitta com shows, seminários e lançamentos em Salvador

Redação Alô Alô Bahia

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José Mion/Alô Alô Bahia

Roberto Abreu

Publicado em 26/11/2025 às 13:14 / Leia em 4 minutos

O Festival Paisagem Sonora retorna a Salvador pelo segundo ano consecutivo e, em sua 7ª edição, reverencia a vida e a obra de Alberto Pitta, artista plástico, carnavalesco, designer e serígrafo cuja trajetória moldou a estética do Carnaval negro baiano. Criado na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o evento desembarca na Casa Rosa, no Rio Vermelho, entre os dias 5 e 7 de dezembro, com uma programação gratuita que reúne seminários, lançamentos editoriais e apresentações musicais.

O festival se estrutura a partir da música como linguagem de resistência, memória e criação coletiva. Anualmente, um artista da cultura baiana é escolhido como ponto de partida para pesquisa, produção de um livro e realização do evento e, desta vez, o escolhido é Pitta.

Para o curador Danillo Barata, a homenagem amplifica debates urgentes sobre o Carnaval negro e seus caminhos futuros. “O artista transforma tecido em linguagem e desfile em rito. Ao ativar o arquivo vivo de Pitta, um sambaqui de imagens, axé e memória, recolocamos a resistência dos blocos afros no centro e projetamos futuros em que o carnaval reconfigura linguagens, políticas e pertencimentos”, contextualiza.

Alberto Pitta | Foto: Roberto Abreu

Alberto Pitta: o artista que fez do tecido um território

Pioneiro na criação de estampas afro-baianas, Pitta dedica mais de quatro décadas à produção visual que celebra os saberes e fazeres afro-brasileiros. Para ele, o tecido não é mero suporte, mas território de educação, espiritualidade e invenção coletiva.

Filho de Mãe Santinha de Oyá, Pitta cresceu imerso em bordados, ritos e narrativas do Candomblé, influências que se desdobram em suas formas, cores e simbologias. Desde os anos 1980, suas estampas e figurinos marcaram blocos como Ilê Aiyê, Olodum, Filhos de Gandhy e o próprio Cortejo Afro, do qual é fundador. Seu trabalho integra acervos no Brasil e no exterior, consolidando-o como um dos grandes nomes da arte afro-brasileira contemporânea.

Durante o festival, seu legado será celebrado em diferentes frentes. Na abertura, no dia 5, convidados conhecerão uma exposição especial e o lançamento de “Alberto Pitta: FúnFún DúDú”, livro fruto da pesquisa desenvolvida pelo projeto ao longo do ano. No dia 6, ele participa do seminário “Reconfiguração do Carnaval Negro”, ao lado de Afrocidade, Rogério Oliveira e Giba Gonçalves.

Alberto Pitta | Foto: Roberto Abreu

“Fico lisonjeado, feliz com a escolha do Paisagem Sonora. A gente vem trabalhando a vida inteira. Meu trabalho é único, foi uma escolha. Então, quando você chega nesse lugar da universidade, da academia te ver e ver importância no seu trabalho, fazer esse reconhecimento, óbvio que a gente fica feliz com isso. E o Paisagem Sonora é um projeto que vem se mostrando eficaz e de uma importância muito grande nesse diálogo entre a universidade e os artistas do nosso povo”, celebra Pitta.

A edição deste ano reúne cinco seminários que tratam de educação, memória, estética afro e criação coletiva. Entre os temas abordados estão:

– A Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola
– Paisagens Sonoras: Processos Criativos e Redes do Comum
– Reconfigurações do Carnaval Negro
– Museu Itamar Assumpção: Memória, Música e Afrofuturismo, com Anelis Assumpção
– Clube da Radiola “Atrás do Pôr do Sol”, com Lazzo Matumbi

A programação literária também é robusta: além do livro de Alberto Pitta, o Selo Editorial Anjo Negro lança, no dia 5, títulos como “Mateus Aleluia – Nações do Candomblé: Jeje”, “Bembé do Mercado: Dossiê de Registro como Patrimônio Cultural do Brasil” e o Box dos 21 Cadernos de Educação do Ilê Aiyê. No mesmo dia, no Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, ocorre o lançamento de “Pedagogia da Ancestralidade”, obra em homenagem aos 100 anos de Mãe Stella de Oxóssi.

A música costura os três dias do festival com uma programação pulsante. No dia 5, Cortejo Afro convida Arto Lindsay e Afrocidade; no dia 6, Márcia Castro e sua Roda de Samba Reggae e Olodum fazem a festa; no último dia, Ilê Aiyê e Lazzo Matumbi são atrações, este último convidando Anelis Assumpção.

A programação completa está disponível no site do festival.

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