A CBF vai detalhar nesta quarta-feira, em São Paulo, o Sistema de Sustentabilidade Financeira, versão brasileira do Fair Play Financeiro, que entra em vigor em 1º de janeiro de 2026 com três fiscalizações fixas por ano, metas graduais até 2030 e punições escalonadas para clubes endividados.
Na prática, o novo regulamento concentra em uma plataforma própria todos os dados de contratos, custos de elenco, dívidas e transações dos clubes. Para registrar jogadores no BID, será obrigatório cadastrar cada operação no sistema baseado no DTMS, que também permitirá cruzar informações com o TMS da Fifa e acompanhar pagamentos em 31 de março, 31 de julho e 30 de novembro.
Outra novidade é a criação de um órgão específico para supervisionar o cumprimento das regras, inspirado em câmaras de resolução de disputas, mas com foco exclusivo na saúde financeira. “A fiscalização e a aplicação das regras e punições serão feitas por um órgão com atuação independente, mas conectado à CBF”, explicou a entidade, que pretende tornar o controle mais efetivo ao incorporar tudo a um regulamento interno.
Para aliviar o impacto imediato, o projeto estabelece um período de transição. Dívidas novas, contraídas a partir de 1º de janeiro de 2026, poderão gerar sanções já nas primeiras checagens; os passivos anteriores terão um calendário próprio de regularização. Além disso, indicadores como resultado operacional e equilíbrio de caixa só passam a contar plenamente a partir de 2028, enquanto o custo do elenco será limitado a, no máximo, 70% das receitas na Série A e 80% na Série B.
Quem não se adequar às metas entra em monitoramento e pode enfrentar uma escada de punições. O pacote vai de advertência e multas à retenção de receitas, proibição de registrar novos atletas, perda de pontos, rebaixamento e até cassação de licenças, em casos extremos. A expectativa da confederação é de que apenas uma pequena parcela dos clubes já esteja dentro dos parâmetros hoje, o que reforça o caráter de ajuste progressivo até o fim da década.
A implantação foi construída em conjunto com um grupo de trabalho que reuniu representantes de 77 clubes, federações e especialistas, responsável por discutir pilares como controle de dívidas em atraso, equilíbrio operacional e alavancagem. O sistema inaugura uma nova etapa de transparência e disciplina nas finanças do futebol brasileiro, com impacto direto na forma como os clubes planejam investimentos, elencos e projetos esportivos nos próximos anos.