O filme natalino da Netflix que leva negócios, champanhe e romance para Paris

O filme natalino da Netflix que leva negócios, champanhe e romance para Paris

Redação Alô Alô Bahia

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Redação Alô Alô Bahia

Divulgação / Netflix

Publicado em 22/11/2025 às 12:03 / Leia em 6 minutos

Borbulhas de Amor é o novo romance natalino da Netflix, título brasileiro de “Champagne Problems”, com Minka Kelly à frente do elenco. Lançado direto no streaming, o filme rapidamente apareceu entre os mais vistos da plataforma em vários países, surfando a tradição das comédias românticas de fim de ano com neve cenográfica, luzinhas e muita taça tilintando.

Dirigido e roteirizado por Mark Steven Johnson, o longa aposta em uma fórmula conhecida: viagem de trabalho para a Europa, encontro inesperado, dilema entre carreira e vida afetiva. A diferença aqui é o cenário espumante — uma casa de champanhe francesa — e o esforço em dar um pouco mais de textura às questões familiares por trás do negócio.

Uma executiva em missão… e em crise

A protagonista é Sydney Price (Minka Kelly), executiva de fusões e aquisições acostumada a enxergar empresas como números em uma planilha. Ela é enviada à França para negociar a compra de uma tradicional marca de champanhe à beira do colapso financeiro. A missão é simples no papel: fechar o negócio antes do Natal e voltar para casa com um grande bônus.

O roteiro constrói a clássica jornada da workaholic que precisa reaprender a olhar para pessoas, e não só para planilhas. Um encontro fortuito em Paris — vivido com aquela aura de noite perfeita, música, luzes e champanhe — acende em Sydney uma faísca de algo que não cabe em contrato. Sem entregar detalhes da virada, o filme usa esse encontro para costurar o conflito central: o choque entre a lógica fria das corporações e o apego afetivo a um negócio que carrega a história de uma família.

Paris, vinhedos e o turismo de cartão-postal

Visualmente, Borbulhas de Amor abraça o imaginário turístico de Paris e da região de champanhe: ruas decoradas para o Natal, cafés aconchegantes, vinhedos envoltos em neblina leve e uma vinícola que parece saída de catálogo de viagem. É um filme construído para funcionar como escapismo visual, com enquadramentos que destacam taças cintilando, garrafas sendo abertas e a ambientação festiva de fim de ano.

Ao mesmo tempo, há um certo “brilho de vitrine” que mantém tudo muito polido e controlado. A França mostrada aqui é mais fantasia romântica do que retrato realista, o que combina com a proposta, mas também reforça a sensação de que estamos diante de uma experiência cuidadosamente embaladinha, pensada para ser confortável em vez de desafiadora.

Minka Kelly, Tom Wozniczka e um elenco que segura o clima

Minka Kelly traz carisma imediato para Sydney. Ela vende bem a executiva que aprendeu a sobreviver sendo dura, mas que vai deixando rachaduras aparecerem conforme se aproxima da família dona da vinícola. É um tipo de personagem que a gente já viu em outros romances natalinos, mas a atriz consegue dar um toque de vulnerabilidade que impede a protagonista de virar só um clichê ambulante.

Tom Wozniczka, como Henri Cassell, é o herdeiro que tenta equilibrar respeito à tradição com a necessidade de modernizar o negócio da família. Ele funciona tanto como interesse amoroso quanto como contraponto ético à lógica agressiva das grandes corporações. A química entre os dois é mais suave do que explosiva: não é aquele casal que pega fogo em cena, mas transmite uma sensação de relação que pode crescer aos poucos, dentro da lógica de conto de Natal.

Nos coadjuvantes, o filme encontra parte de seu humor. Personagens como Roberto e outros concorrentes na disputa pela vinícola funcionam como válvulas de alívio cômico, exagerando poses e estratégias para conquistar o negócio — e, claro, o público. São figuras calculadamente excêntricas, pensadas para render boas cenas em grupo e deixar a trama mais leve entre uma negociação e outra.

Direção, ritmo e o uso consciente dos clichês

Mark Steven Johnson, que já transitou por outras produções românticas da Netflix, sabe exatamente o que está entregando aqui. Borbulhas de Amor não tenta reinventar o gênero; em vez disso, abraça os lugares-comuns com certa consciência: o encontro mágico, a família que luta para manter o legado, o chefe inescrupuloso, o evento decisivo que coloca tudo à prova.

Com cerca de uma hora e meia de duração, o filme mantém um ritmo eficiente, alternando momentos de negociação, passeios pela França e interações familiares. O meio da trama pode parecer previsível para quem já viu uma dezena de comédias natalinas, mas o roteiro consegue dosar bem humor leve e drama suave sem cair em melodrama pesado.

Onde a direção escorrega é justamente na falta de risco: tudo é muito seguro, redondo, sem grandes arestas. Isso pode ser um defeito para quem espera algo mais inventivo, mas vira qualidade para o público que procura um “comfort movie” para deixar rodando no fim de semana, entre uma reunião de família e outra.

Trabalho, família e o preço de uma boa taça

Por baixo da espuma romântica, Borbulhas de Amor fala sobre temas bem contemporâneos: burnout, a cultura de produtividade infinita, o peso das expectativas familiares e a tensão entre tradição e mercado global. A vinícola da família Cassell simboliza esse embate: é, ao mesmo tempo, um ativo valioso e uma memória viva, algo que não cabe totalmente numa planilha de Excel.

Sydney é obrigada a encarar o que a carreira cobrou dela ao longo dos anos e qual é o custo de seguir sempre dizendo “sim” para o trabalho e “depois” para a vida pessoal. O filme não aprofunda esse debate a ponto de virar um drama social, mas usa o tema o suficiente para dar um mínimo de substância às decisões que os personagens precisam tomar.

Borbulhas de Amor é aquele tipo de filme que dificilmente vai converter alguém que não suporta comédias românticas natalinas, mas tem tudo para agradar quem gosta do gênero e só quer uma história leve, previsível e visualmente agradável para acompanhar com uma manta e, se possível, uma taça na mão. A química discreta do casal, o charme dos cenários franceses e a atmosfera de fim de ano fazem do longa uma boa opção de escapismo, mesmo que ele não deixe um “aftertaste” muito marcante depois dos créditos.

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