A Justiça Federal decidiu, nesta quinta-feira (20), manter a prisão preventiva de Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, detido na Operação Compliance Zero, da Polícia Federal. A decisão é da desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que negou um pedido de liminar apresentado pela defesa do banqueiro para colocá-lo em liberdade.
Na decisão, a magistrada afirmou que a prisão foi decretada com base em indícios robustos de gestão fraudulenta e participação em organização criminosa. Segundo a relatora, os autos apontam para um comportamento contínuo dos investigados de tentar interferir nas investigações, o que inviabilizaria a revogação da medida preventiva. Um pedido de habeas corpus também foi protocolado pela defesa no TRF1, mas ainda não tem data para julgamento.
Vorcaro e outros seis executivos do Banco Master foram presos durante a Operação Compliance Zero, que apura fraudes em papéis financeiros vendidos ao Banco de Brasília (BRB). A PF afirma que a instituição emitia CDBs com promessa de rendimentos até 40% acima da taxa básica do mercado, valores considerados irreais, e que o esquema pode ter movimentado cerca de R$ 12 bilhões.
A prisão ocorreu poucas horas após o consórcio liderado pela Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master, negociação que acabou interrompida automaticamente após o Banco Central decretar, na terça-feira (18), a liquidação extrajudicial da instituição e a indisponibilidade dos bens de seus controladores e ex-administradores. O BC já havia rejeitado, no mês anterior, a tentativa de aquisição do Master pelo BRB.
No pedido de soltura, os advogados de Vorcaro alegaram que não há motivos para manutenção da prisão, uma vez que o banco foi liquidado pelo Banco Central e o executivo está proibido, por decisão judicial, de atuar na gestão de fundos ou instituições financeiras. A defesa anexou documentos que comprovariam uma reunião marcada em Dubai com investidores interessados na compra do Master, além da rota do voo que o banqueiro tomaria quando foi detido no Aeroporto de Guarulhos.
Os advogados também argumentaram que Vorcaro possui esposa e filho no Brasil, o que afastaria o risco de fuga, e afirmaram que todas as buscas e apreensões relacionadas ao empresário já foram concluídas.
Na quarta-feira (19), a Justiça Federal de Brasília determinou que todos os presos da operação permaneçam detidos na carceragem da Superintendência da Polícia Federal no bairro da Lapa, Zona Oeste de São Paulo. O local abriga ao menos sete executivos ligados ao Banco Master, incluindo Vorcaro, além de outros investigados no esquema.