Pela primeira vez desde a inauguração do sistema, em 2014, uma mulher está à frente Metrô Bahia. Na concessionária desde o início, a engenheira Juliana Romão foi anunciada no início do mês como a nova diretora da concessionária. Ela tem mais de 24 anos de experiência em sistemas metroviários e, desde 2021, era a gerente executiva de Manutenção do Metrô.
“Nós temos interesse, claro, em projetos de expansão”, disse Juliana, em entrevista. “A gente acha que, nas nossas estações, podemos ter mais promotores de serviços buscando trazer mais comodidade e conveniência”. Ela conversou com o CORREIO sobre desafios e o futuro da operação.
Quais são os planos de vocês e os desafios deste momento para o Metrô Bahia?
Com certeza alguns dos nossos principais desafios são a manutenção e modernização da estrutura, e a extensão da rede também. A gente quer buscar o entendimento da necessidade dos clientes para garantir que está oferecendo um serviço de qualidade e sustentável acima de tudo.
O metrô vai ser ampliado até o Campo Grande e o consórcio que vai construir já foi anunciado. Vocês podem ou pretendem ter alguma participação?
A operação é uma obrigação nossa, no entanto a operação da expansão está sendo tratada pelo poder concedente, que é o Estado da Bahia. Mas estamos super animados e preparados para essa operação que vai melhorar ainda mais a mobilidade, trazer mais tecnologia e conforto para esse equipamento importante.
O que esse trecho vai ter de diferente?
É uma extensão de mais dois quilômetros que vai atender a toda essa população da região e agregar também melhores serviços. O deslocamento vai ser mais rápido até o Centro da cidade. Em 2021, foi feito um estudo que quantificou não só o impacto do metrô no meio ambiente como o tempo médio de viagem. De Mussurunga até a (Estação da) Lapa, o cliente chega a economizar 18 dias úteis no ano em tempo de mobilidade.
O sistema tem essa capacidade de transportar muitas pessoas de forma mais rápida e isso devolve o que é mais importante: o tempo da pessoa. Ela pode estudar, ler um livro e usar o tempo dela também no deslocamento.
Mas há previsão de expansão para outras linhas?
Nós temos interesse, claro, em projetos de expansão. Estamos sempre à disposição do estado e não tenho dúvida de que é um modelo que traz benefícios para a cidade como um todo.
Vocês identificam algum trecho do trajeto que é subutilizado e que poderia ser reforçado?
Subutilizado não. Mas a gente acha que, nas nossas estações, podemos ter mais promotores de serviços buscando trazer mais comodidade e mais conveniência através de serviço e comércio. A gente vem buscando parceiros nesse sentido, bem como também promovendo ações culturais.
A senhora está no Metrô Bahia desde o começo e é a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto. O que sua gestão trará de diferente?
Para mim, é um grande orgulho e uma responsabilidade grande também. Acredito muito que a diversidade e a inclusão são os pilares fundamentais para o sucesso de qualquer empresa e queremos incentivar outras mulheres a entrar para o setor de transporte.
Que iniciativas para a igualdade de gênero vocês têm na empresa?
No dia 17 de outubro tivemos uma formatura inteira de mulheres operadoras de trem. Temos também uma primeira turma de uma parceria com o Senai Dendezeiros para formar manutencistas técnicas mulheres que gostariam de aprender mais, ter uma nova certificação para o seu currículo e têm o desejo de trabalhar no setor metroviário
Atualmente, somos 32% de mulheres nos cargos de liderança da empresa, mas a meta é obviamente ampliar esse percentual. No total da empresa, também é em torno disso – liderança reflete esse percentual. A gente também desenvolve ações afirmativas para contratação de mulheres, acompanhamentos de colaboradoras grávidas. A gente quer tornar o ambiente cada vez mais saudável e igualitário.
Você é uma pessoa que cresceu na empresa. Que oportunidades vocês têm hoje abertas para quem quer trabalhar no Metrô Bahia?
Hoje, temos várias oportunidades disponíveis no nosso site e nos nossos canais de comunicação. Basta os interessados observarem as informações e as características e ter vontade realmente de contribuir e trabalhar com esse setor tão importante. A vontade rompe qualquer barreira.
Com 11 anos de operação, qual é o impacto do metrô para a mobilidade?
Eu lembro que o fluxo de veículos era muito complicado (antes da chegada), havia regiões em que, para rodar cinco ou seis quilômetros, você precisava de até uma hora e meia. Na fluidez do trânsito, não tenho dúvida de que o metrô trouxe essa melhoria. Vale destacar a redução das emissões de gases (que causam o efeito estufa). No estudo que fizemos até 2021, identificamos que retiramos o equivalente a mais de 23 mil veículos da rua. O impacto não é só social e econômico, mas também ambiental.