Profissionais brasileiros da área de tecnologia recebem os salários mais altos da América Latina, segundo o relatório The State of Global Compensation 2025, elaborado pela multinacional de recursos humanos Deel.
O estudo analisou mais de 1 milhão de contratos em 150 países e aponta que engenheiros e cientistas de dados no Brasil ganham, em média, US$ 67 mil por ano, cerca de R$ 358,9 mil anuais, ou R$ 31,8 mil mensais.
O valor supera o registrado em outros países da região, como México (US$ 48 mil por ano, o equivalente a R$ 273 mil) e Argentina (US$ 42 mil, ou R$ 239 mil).
Ainda que os números fiquem abaixo dos de mercados como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, onde os salários anuais chegam a US$ 150 mil, aproximadamente R$ 855 mil, o Brasil lidera com folga entre os países latino-americanos.
O levantamento mostra que o crescimento do setor acompanha a valorização global de profissionais especializados, impulsionada pela demanda por talentos em inteligência artificial e por modelos de remuneração mais flexíveis.
No país, 84% dos contratos de tecnologia são de trabalhadores independentes (freelancers), especialmente nas áreas de engenharia e dados. Em produto e design, esse número é de 79%, e em vendas e marketing, de 55%.
Embora essa prática ofereça mais agilidade e reduza custos para as empresas, o relatório alerta para desafios trabalhistas e risco de precarização, já que muitos desses profissionais atuam sem vínculos formais.
Mesmo assim, o Brasil tem se consolidado como um mercado competitivo para companhias internacionais que buscam especialistas com custos mais acessíveis.
Outro ponto em destaque é o uso crescente de participação acionária (equity) como forma de atrair e reter talentos, tendência que vem se fortalecendo desde 2021, especialmente entre startups. Nesse modelo, o profissional recebe uma parcela societária da empresa, tornando-se sócio e podendo lucrar com sua valorização.
O estudo também revelou desigualdade de gênero nos salários da área. Mulheres que atuam em engenharia e dados ganham, em média, 29,5% menos que homens, US$ 62 mil anuais, contra US$ 88 mil.
Em produto e design, a diferença é de US$ 14 mil (US$ 96 mil para mulheres e US$ 110 mil para homens). Já em vendas e marketing, elas recebem US$ 61 mil por ano, enquanto eles chegam a US$ 66 mil.