A deputada federal Erika Hilton foi um dos destaques do Fórum Brasil–França: Diálogos com a África, realizado neste sábado (8), dentro da programação do Festival Nosso Futuro, em Salvador. Em sua participação, a parlamentar abordou temas como reparação histórica, racismo estrutural, fundamentalismo religioso e os desafios de ser uma mulher trans e negra em espaços de poder.
Ao refletir sobre a herança colonial e as formas de desumanização de corpos negros e LGBTQIAPN+, Erika destacou que discutir dignidade e direitos humanos ainda é um desafio. “É muito difícil discutir dignidade, direitos humanos e pertencimento social quando a sociedade olha para o nosso corpo de uma maneira animalesca”, afirmou.
A deputada também defendeu que países como Brasil e França reconheçam suas responsabilidades históricas. “Quando falamos de Brasil e França, estamos falando de países que precisam fazer urgentemente uma reparação histórica. É preciso reconhecer o quanto ainda reverberam hierarquias e filosofias de opressão”, pontuou.

Erika Hilton
Erika criticou ainda o avanço do fundamentalismo religioso e a falta de políticas públicas voltadas à população LGBTQIAPN+. “Há um modelo inquisitório de perseguição à comunidade LGBT dentro da política. O Brasil não tem uma legislação de cidadania e proteção às pessoas LGBTs. O que existe hoje são interpretações do Supremo Tribunal Federal — mas também precisamos pensar em qual será o Supremo de daqui a 20 ou 30 anos”, afirmou.
O encerramento de sua participação foi marcado por um gesto simbólico: um abraço na ex-ministra francesa Christiane Taubira, reconhecida por seu papel na aprovação da lei que classificou a escravidão como crime contra a humanidade e na criação da chamada “Lei Taubira”, que garantiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo na França. O momento foi aplaudido pelo público.
Encerrado neste sábado (8), o Festival Nosso Futuro reuniu, ao longo de três dias, debates, performances e atividades culturais sobre diversidade, sustentabilidade e inclusão. Com curadoria brasileira, beninesa e francesa, o evento reforçou o papel de Salvador como referência internacional em cultura, diálogo e resistência.