Teatro de sombras volta à cena na Bahia com “Rainha Vashti”

Teatro de sombras volta à cena na Bahia com “Rainha Vashti”

Redação Alô Alô Bahia

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José Mion/Alô Alô Bahia

Rafael Martins

Publicado em 07/11/2025 às 14:18 / Leia em 3 minutos

O Grupo A RODA estreia, no dia 13 de novembro, o espetáculo “Rainha Vashti”, inspirado no poema homônimo da escritora baiana Myriam Fraga (1937-2016). Voltada para o público adulto, a montagem utiliza a técnica do teatro de sombras para narrar a história da lendária rainha persa que ousou desobedecer a ordem do rei e teve sua voz silenciada. As apresentações acontecem no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), com temporada até 12 de dezembro, às quintas e sextas-feiras, em sessões às 18h30 e 20h. Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda pelo Sympla.

A direção, adaptação e criação das figuras de sombra são assinadas por Olga Gómez, com narração de Rita Assemany, direção musical de Uibitu Smetak e consultoria de Marcus Sampaio. A montagem tem patrocínio da FUNARTE.

Foto: Rafael Martins

A escolha pelo teatro de sombras está ligada à trajetória do grupo, que mantém viva essa linguagem na Bahia. Em 2010, A RODA assinou “O Pássaro do Sol”, último espetáculo baiano premiado com essa técnica, vencedor do Prêmio Braskem de Teatro. “Rainha Vashti” também dá continuidade ao vínculo artístico do grupo com Myriam Fraga, cuja obra já inspirou outras montagens.

Para Olga, a combinação entre poesia e sombras potencializa a experiência do público. “Enquanto a poesia nos torna sempre mais perspicazes e atentos, o teatro de sombras é uma arte dedicada aos sentidos, que permite a participação completa do espectador”, afirma. Rita Assemany destaca o desafio de atuar apenas com a voz: “Eu sou as próprias personagens; minha voz se adensa e incorpora rei, rainha e concubinas”.

Foto: Rafael Martins

A trilha sonora, criada por Uibitu Smetak e Amanda Smetak, utiliza violino, piano, flautas doces e pequenas percussões, inspirada na tradição musical dos makams, originários da Pérsia, terra da protagonista.

Com uma hora de duração, a peça conta com quatro atores-animadores que projetam 150 figuras de sombra em uma tela de lona de seis metros, reforçando o caráter artesanal e visualmente simbólico da obra.

A montagem revisita a história bíblica de Vashti, rainha do Império Persa, que recusa dançar diante dos convidados do rei Ashuero durante um banquete. Sua decisão, interpretada como ato de coragem e afirmação da própria dignidade, resulta em banimento e revela a fragilidade do poder baseado no silenciamento feminino. O espetáculo propõe uma reflexão sobre gênero, autoridade e resistência.

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