A requalificação do Pilar, no bairro do Comércio, vai muito além da recuperação de casarões históricos. Em entrevista exclusiva ao Alô Alô Bahia, a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield, revelou detalhes inéditos do Plano do Pilar, lançado nesta terça-feira (4) pela Prefeitura de Salvador.
Tânia destacou que o Pilar é peça estratégica dentro de um projeto maior para recuperar todo o Comércio. “O Pilar é uma área do Comércio. Temos um programa maior de recuperação do bairro. Já temos três anos trabalhando nesse plano junto com a comunidade e a Igreja do Pilar, para termos as diretrizes do que precisamos aplicar por lá”, afirmou.
Um dos pontos inéditos revelados por Tânia diz respeito ao início da recuperação dos imóveis abandonados ou em ruínas. Segundo ela, vinte edificações já foram mapeadas e serão adaptadas para habitação social.
“O plano traz várias ações, e dentre elas já estamos iniciando o projeto de recuperação dos imóveis que estão desocupados e em ruínas. São 20 imóveis que vamos adaptar para um programa de habitação social. Serão, no mínimo, 200 unidades para atender a população que mora no Centro Histórico em situação de risco”, adiantou.
A proposta está alinhada com o objetivo central da gestão municipal: repovoar a área, garantir moradia digna e manter os moradores no território histórico, evitando processos de expulsão ou gentrificação.
Outro destaque revelado por Tânia é a criação de áreas de lazer em um espaço suspenso do Pilar, que hoje carece de ambientes para convivência. Quadra, área de ginástica e um paredão branco para exibição de filmes estão entre as novidades pensadas especialmente para crianças e famílias.
“As crianças não têm onde brincar. Vamos criar quadras naquela área suspensa, área de ginástica, e ali moram quase 150 famílias. Além disso, vamos criar um paredão branco para a exibição de filmes, pois são pessoas que nunca foram ao cinema”, contou.
A iniciativa se soma à parceria firmada com o Instituto Carlinhos Brown, responsável por atuar no eixo cultural do plano. “Fizemos um termo de cooperação com o Instituto Brown, que tem ali um espaço onde já faz os shows. Chamamos ele para trabalhar a área cultural, pois nessa área temos gente com grande potencial artístico”, disse Tânia.
Novo movimento no Comércio
Além do Pilar, a reocupação habitacional vai irradiar mudanças em todo o Comércio. Segundo Tânia, 25 unidades habitacionais já estão sendo implantadas ao longo do bairro, com impactos que vão do comércio à segurança pública.
“A mudança que podemos oferecer para as lojas é povoar a área. Isso ajuda a resolver a violência”, afirmou. Para ela, a presença de moradores é a chave para a retomada do dinamismo do bairro: “O problema atual é que às 18h tudo fecha. Mas com as moradias o movimento segue até a madrugada.”
A presidente da FMLF ressaltou que a chegada de órgãos municipais e a presença crescente da população já vêm alterando a rotina. “O Comércio foi esquecido no passado, mas agora estamos trazendo essas mudanças com a vinda de moradores, com a valorização da área.”
Próximos passos
Segundo Tânia, o trabalho no Pilar integra um projeto amplo de revitalização que vai do Mercado Modelo até o limite do bairro. “Estamos no Comércio com 25 habitações. Vamos trabalhar toda a área deste histórico bairro”, reforçou.
