Neta de banqueiro baiano estrela filme sobre musa esquecida do Modernismo brasileiro

Neta de banqueiro baiano estrela filme sobre musa esquecida do Modernismo brasileiro

Redação Alô Alô Bahia

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José Mion/Alô Alô Bahia com informações da Veja

Mariana Maltoni

Publicado em 03/11/2025 às 14:47 / Leia em 3 minutos

Neta do banqueiro baiano Clemente Mariani (1900–1981), a atriz e produtora Luiza Mariani vive um momento especial na carreira com a estreia de “Cyclone”, marcada para 27 de novembro, após boa acolhida no Festival do Rio e passagens por Xangai, Munique e pela Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A produção é o desdobramento de um projeto ao qual Luiza se dedica há quase duas décadas, desde que encarnou a personagem no teatro, em 2006.

O longa resgata a história de Maria de Lourdes Castro Pontes (1900–1919), apelidada de Cyclone, figura feminina central e pouco lembrada da cena modernista anterior à Semana de 1922. Maria de Lourdes frequentou os círculos boêmios paulistanos e se destacou pela postura ousada, livre e transgressora, capaz de desconcertar nomes como Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato e o próprio Oswald de Andrade, com quem viveu um romance aos 17 anos.

“Daisy anima a turma toda”, escreveu Oswald no diário coletivo “O Perfeito Cozinheiro das Almas Deste Mundo”, produzido em sua garçonnière e entregue a Luiza, anos depois, por Renata Sorrah. No manuscrito, Cyclone aparece como a figura mais rebelde e moderna daquele grupo até então dominado por homens.

O destino da jovem, no entanto, foi trágico: engravidou de Oswald e morreu aos 19 anos, após tentar um aborto clandestino. Pouco restou sobre ela além das memórias nos diários, um deles localizado por Luiza na biblioteca da Unicamp, e fragmentos dispersos na historiografia do Modernismo.

Em “Cyclone”, Luiza interpreta uma operária de gráfica que vive em um cortiço e sonha em se tornar dramaturga. Ela se apaixona por Heitor (Eduardo Moscovis), diretor de teatro que a introduz a novos mundos, enquanto a protagonista enfrenta os limites impostos às mulheres que desejavam decidir sobre o próprio corpo e destino no início do século 20. O elenco ainda conta com Karine Teles, Luciana Paes, Magali Biff, Rogério Brito e Ricardo Teodoro.

A atriz assina também a produção, ao lado de Joana Mariani, sua prima e parceira criativa, e Eliane Ferreira, com colaboração no roteiro de Rita Piffer. A equipe, inteiramente feminina, reforça o diálogo entre passado e presente na representação de Cyclone como símbolo de liberdade, arte e ruptura.

Carioca, Luiza estudou cinema e teatro em Nova York aos 18 anos, antes de estrear na televisão em “Malhação”. Produziu seu primeiro espetáculo aos 21 e acumula trabalhos no cinema, na TV e nos palcos. É casada há 15 anos com o advogado Flavio Zveiter e mãe de Dora (13) e Tom (9).

Após “Cyclone”, ela já está imersa em outro projeto: “Vou fazer Marina Lima nos cinemas. Projeto idealizado por mim. Estamos em fase de desenvolvimento de roteiro, escrito pela Vera Egito. A diretora é Joana Mariani, minha prima e parceira criativa”, revelou, em entrevista à colunista Lu Lacerda, da Veja Rio.

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