Suspense marítimo com Keira Knightley prende pelo clima claustrofóbico, apesar de tropeços no roteiro

Suspense marítimo com Keira Knightley prende pelo clima claustrofóbico, apesar de tropeços no roteiro

Redação Alô Alô Bahia

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Redação Alô Alô Bahia

Divulgação / Netflix

Publicado em 22/10/2025 às 20:50 / Leia em 3 minutos

A Mulher na Cabine 10, adaptação do best-seller de Ruth Ware, chega à Netflix apostando no suspense psicológico em cenário de luxo: um superiate em alto-mar. No centro da trama, uma jornalista presencia algo perturbador durante a viagem e, a partir daí, mergulha numa espiral de dúvida, paranoia e perigo.

Dirigido por Simon Stone e estrelado por Keira Knightley, o filme mira a tensão permanente, com aquela sensação de “ninguém vai acreditar em você” que alimenta bons thrillers. O resultado é um entretenimento eficiente, ainda que desigual, que funciona melhor quando aposta na atmosfera do que nas respostas.

Stone transforma o superiate em palco claustrofóbico: corredores estreitos, cabines espelhadas e decks silenciosos sugerem vigilância constante. A câmera valoriza portas semiabertas, reflexos e a proximidade do mar para criar desconforto; é um suspense de olhar, mais do que de ação.

O roteiro mantém a protagonista sempre um passo atrás, o que sustenta o mistério por boa parte da projeção. Em contrapartida, algumas pistas soam didáticas e a costura final carece do impacto que o acúmulo de suspeitas promete. Ainda assim, o filme preserva coerência emocional ao insistir na dúvida como motor dramático.

Knightley entrega nervo e vulnerabilidade, equilibrando determinação e fragilidade sem cair no exagero. Ao redor, Guy Pearce aparece com elegância calculada, enquanto Hannah Waddingham adiciona presença magnetizante — um trio que ajuda a manter a curiosidade acesa mesmo quando o texto patina.

A fotografia aposta em tons frios e contrastes vítreos que reforçam a sensação de isolamento. A trilha usa pulsos discretos em vez de crescendos óbvios, e a montagem prefere cortes secos que interrompem certezas e reencenam a dúvida. O desenho de som — batidas surdas, água, passos — é decisivo para acionar o desconforto sem apelar a sustos fáceis.

Comparado ao romance, o longa simplifica motivações e concentra suspeitas em menos personagens, acelerando a dinâmica de “gato e rato”. Perde-se alguma nuance psicológica do texto original, mas ganha-se fluidez para streaming: ritmo enxuto, ênfase no jogo de percepções e no ponto de vista da protagonista.

A Mulher na Cabine 10 não reinventa o gênero, porém entrega suspense competente e visualmente bem acabado. Quando confia no trio principal e no espaço como ameaça, funciona muito. Quando precisa amarrar tudo em grandes revelações, fica aquém do que prometia. Ainda assim, é escolha certeira para quem gosta de mistérios elegantes em cenários confinados.

Confira abaixo o trailer oficial de A Mulher na Cabine 10

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