Tilly Norwood: atriz criada por inteligência artificial provoca reação negativa em Hollywood

Tilly Norwood: atriz criada por inteligência artificial provoca reação negativa em Hollywood

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Tiago Mascarenhas

Reprodução/Instagram

Publicado em 01/10/2025 às 19:48 / Leia em 3 minutos

A estreia de Tilly Norwood, desenvolvida por inteligência artificial, abriu uma nova frente de polêmica em Hollywood. Lançada pela produtora e comediante holandesa Eline Van der Velden, fundadora do estúdio Particle6, a “atriz” foi apresentada durante o Zurich Summit, evento paralelo ao Festival de Cinema de Zurique, e rapidamente virou alvo de críticas na indústria.

Criada pela empresa Xicoia, que se define como o primeiro estúdio de talentos de IA do mundo, Norwood tem perfil ativo no Instagram, com mais de 33 mil seguidores, e exibe imagens em situações cotidianas, como tomar café, fazer compras e ensaiar para projetos. Apesar da repercussão, sindicatos, atores e cineastas consideram a iniciativa uma ameaça à profissão.

Foto: Reprodução/Instagram

O Screen Actors Guild (SAG-AFTRA), que representa artistas nos Estados Unidos, divulgou nota afirmando que “a criatividade é, e deve permanecer, centrada no ser humano”, classificando Tilly como apenas um produto de computador treinado a partir do trabalho de profissionais “sem permissão ou remuneração”. A associação ressaltou ainda que não há emoção ou experiência de vida capaz de sustentar esse tipo de atuação.

Alguns nomes conhecidos também se manifestaram. Melissa Barrera, dos filmes “Em um Bairro de Nova York” e “Pânico”, criticou publicamente as agências envolvidas: “Espero que todos os atores representados pelo agente que faz isso se ferrem. Que nojo, leiam o ambiente”.

Natasha Lyonne, estrela da série “Boneca Russa” e diretora do longa Uncanny Valley, disse que a ideia é “profundamente equivocada e perturbadora”, defendendo que a tecnologia não deve substituir a experiência humana.

O debate sobre inteligência artificial já vinha movimentando Hollywood. A questão esteve no centro da greve prolongada dos sindicatos de mídia em 2023, que garantiu salvaguardas contra o uso indevido de imagens e atuações digitais.

No setor de videogames, uma paralisação semelhante levou à exigência de consentimento por escrito antes da criação de réplicas digitais de atores. Ainda assim, a discussão permanece intensa. O filme “O Brutalista”, vencedor do Oscar em 2024, chegou a utilizar IA nos diálogos em húngaro de Adrien Brody e Felicity Jones, o que também dividiu opiniões.

Diante da repercussão negativa, Eline Van der Velden defendeu o projeto, chamando Tilly Norwood de “obra criativa” e comparando sua criação ao processo de desenhar um personagem ou escrever um roteiro. Para ela, a personagem deveria ser encarada como um gênero artístico próprio. “Ela não é uma substituta para um ser humano, mas uma obra de arte”, afirmou, acrescentando que o objetivo é provocar reflexão sobre os limites da criatividade.

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