O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (24), em Nova York, esperar que o futuro encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, seja pautado pelo respeito mútuo e por negociações baseadas em fatos concretos.
A reunião, ainda sem data marcada, foi sugerida pelo líder norte-americano durante a abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU.
“Eu vou tratá-lo com o respeito que merece o presidente dos Estados Unidos, e ele certamente vai me tratar com o respeito que merece o presidente do Brasil. Nós temos que colocar na mesa todos os problemas, os dele em relação ao Brasil e os meus em relação aos Estados Unidos, e a partir daí começar a discutir”, declarou Lula em coletiva de imprensa antes de embarcar de volta ao Brasil.
O presidente reforçou que não há vetos em relação aos temas da conversa, mas deixou claro um ponto inegociável: “O que não é discutível é a soberania brasileira e a nossa democracia. Isso não se discute nem com o presidente Trump, nem com nenhum outro presidente do mundo. Essa é uma prerrogativa do Brasil da qual não abrimos mão”.
Lula também rebateu informações recentes sobre o comércio entre os dois países. Segundo ele, Trump estaria mal assessorado ao afirmar que os EUA têm déficit na relação com o Brasil.
“Nos últimos 15 anos, os Estados Unidos tiveram um superávit de 410 bilhões de dólares. Estou convencido de que algumas decisões tomadas pelo presidente Trump se devem à qualidade das informações que recebeu. Quando tiver acesso a dados corretos, acredito que ele pode mudar de posição, assim como o Brasil pode”, disse.
Diálogo
Para Lula, a manutenção de boas relações entre os dois países, que já somam mais de 200 anos de história, é fundamental. “O povo brasileiro tem muita expectativa em uma boa relação com os Estados Unidos. E acredito que o povo americano também. Estou muito otimista, porque acredito no poder da conversa. Quando duas pessoas sentam para dialogar, tudo pode ser resolvido”, destacou.
O presidente ressaltou ainda o interesse do empresariado e da classe política em uma aproximação entre os dois países. “Há muitos investimentos em jogo e um fluxo comercial importante. Quando o encontro acontecer, acredito que voltaremos a viver em harmonia e quimicamente estáveis”, brincou, em referência a uma expressão usada pelo próprio Donald Trump.