Wagner Moura defendeu, nesta segunda-feira (22), o direito de alguns artistas não se posicionarem politicamente. Em coletiva de imprensa, o ator e diretor comentou sobre a cobrança constante para que figuras públicas estejam sempre engajadas e dispostas a se manifestar sobre temas políticos.
“Eu fiquei vendo o vídeo dos caras lá no Rio de Janeiro [durante a manifestação contra a PEC]. Você vê que eles estão velhinhos, né? Mas você vê aqueles caras naquele palco lutando por democracia, pelas coisas que eles acreditam, cantando aquelas músicas que fazem parte da nossa vida. É um negócio tão emocionante, tão bonito. É um exemplo tão grande de cidadania, de artista cidadão”, disse ele, que está fará sua estreia mundial da peça Um Julgamento, na Bahia.
Na sequência, Moura destacou sua resistência à pressão para que todos os artistas falem publicamente sobre política. “Mas, por outro lado, eu, particularmente, tenho resistência à cobrança para que artistas se posicionem e falem. Eu acho que artista é que nem todo mundo. Quem tem que falar é quem quer falar”, afirmou.
O baiano, que participou do ato contra a PEC em Salvador no último domingo (21), reforçou que muitos artistas evitam manifestações por medo de represálias. “Quando você fala, você tem que segurar o rojão depois de falar. Então, não é para todo mundo mesmo. Tem gente que se preserva, que não quer, e eu entendo completamente. Eu não acho que essas pessoas aqui vão ser pressionadas a se colocar, se elas não estiverem prontas para isso”, disparou.
Ainda na coletiva, ele criticou a postura de deputados brasileiros que, segundo ele, agem de forma antidemocrática. “A democracia é o equilíbrio entre poderes, é a base. Um poder dizer: ‘Não, aqui a gente mesmo resolve’ é a coisa mais antidemocrática e é impressionante como essas pessoas perderam a vergonha de falar esse tipo de coisa. É como se o que nós pensássemos não importasse. Portanto, as manifestações de ontem no Brasil todos foram uma resposta muito clara a isso”, completou.