Depois de estrear em Brasília, o projeto Circuito Arte Não é Privilégio chega a Salvador como a segunda etapa do percurso que pretende passar pelas 27 capitais brasileiras. A iniciativa, idealizada pelo Céu – Museu de Arte a Céu Aberto, é assinada pelo “artivista” e produtor cultural paulista Kleber Pagu e tem como objetivo promover arte e cultura, valorizando artistas locais e suas comunidades. O projeto é patrocinado pela Bolsa Funarte de Artes Visuais Marcantonio Vilaça.
O bairro do Beiru – Tancredo Neves, área de forte relevância histórica por ser parte do antigo quilombo do Cabula, foi escolhido para receber a mostra. Entre os dias 19 e 21 de setembro, mais de 20 artistas, a maioria negros e negras, produzirão suas obras nos muros do bairro e em casas próximas à Pinacoteca do Beiru, no cruzamento da Estrada das Barreiras com a Rua Direta de Tancredo Neves e a Rua Irmã Dulce.
Nesta primeira fase, o público poderá acompanhar ao vivo a criação de grafites, lambes e outras instalações artísticas. Já de 22 a 28 de setembro, a exposição estará oficialmente aberta, com visitas guiadas por artistas e pelos articuladores culturais Kleber Pagu, Anderson AC e Juliana Freire, coincidindo com a abertura da Primavera dos Museus, promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
“Haverá destaque especial para os artistas locais, reafirmando o protagonismo cultural das periferias e a potência criativa do Beiru”, explica Kleber Pagu.
Entre os nomes confirmados estão Anderson AC, Dimak, Smol, Niiny, Calangoss, Isabela Seifarth, Dead, SuperAfro, Luiz Pablo Moura, Medusa, Jefferson Araujo de Carvalho, Zoy, Octo, Pessoa, Bob, Roxi, SeeD, MFR, Dose, Nila Carneiro, Maria Mariô, Felina e Lola, além de outros artistas que participarão de forma colaborativa. As obras abordarão temas que dialogam com o cotidiano, as lutas e os sonhos da população local.
Após a edição em Salvador, o circuito segue para Belém (PA), onde será encerrada a primeira fase do projeto.
Pinacoteca do Beiru: arte e resistência
A Pinacoteca do Beiru, fundada em 2015 pelo artista Anderson AC, é um dos poucos espaços dedicados à arte na comunidade. Localizada na Rua Direta de Tancredo Neves, 31, ela se tornou um ponto de encontro para ações culturais que buscam reconectar moradores à história local e fomentar novas experiências com a arte. A região do Cabula, onde está inserida, é um importante símbolo de resistência afro-brasileira, tendo abrigado quilombos até o final do século XIX.
