A Polícia Federal (PF) informou nesta segunda-feira (15) que parte do acervo apreendido em São Paulo durante a Operação Cambota pode incluir obras de grandes nomes da arte brasileira, como Cândido Portinari, Emiliano Di Cavalcanti e Tomie Ohtake.
Na última sexta-feira (12), agentes recolheram quadros, esculturas e objetos de alto valor em imóveis ligados a investigados pelo esquema conhecido como “máfia do INSS”, que teria desviado mais de R$ 6,3 bilhões em descontos ilegais de aposentados.
Segundo especialistas ouvidos pelo g1, entre as peças apreendidas há pelo menos cinco obras atribuídas a Portinari, ícone do modernismo brasileiro e autor de murais históricos como “Guerra e Paz”. Caso a autenticidade seja confirmada, cada quadro pode atingir valores entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões.
Outro destaque é uma pintura da artista nipo-brasileira Tomie Ohtake, reconhecida pelo abstracionismo lírico, e trabalhos que podem ser atribuídos a Orlando Teruz e Dario Mecatti, além de esculturas assinadas por Flory Gama. O acervo inclui ainda estátuas de bronze, como uma reprodução de “O Pensador”, de Rodin, e peças do austríaco Bruno Zach, conhecido por criações de caráter sensual.
A PF suspeita que parte do dinheiro desviado do INSS era aplicada em obras de arte como forma de blindar patrimônio. As apreensões ocorreram em endereços ligados ao advogado Nelson Wilians, ao empresário Maurício Camisotti e a Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Em Brasília, também foram recolhidos carros de luxo e dinheiro em espécie.
A confirmação da autenticidade das peças dependerá de perícia especializada, que inclui análises químicas de pigmentos, microscopia das pinceladas e avaliação do suporte utilizado em cada obra.