O designer baiano Everton Souza, fundador do Estúdio Dendê, acaba de lançar a Coleção Recôncavo, seu primeiro conjunto autoral. As peças, batizadas de Cadeira Mula sem Cabeça, Sofá Acordeon e Luminária Mandú, reinterpretam símbolos da cultura popular nordestina com linguagem de design contemporâneo.
Nascido em 1996 no Recôncavo Baiano, Everton cresceu em meio às festas populares, saberes orais e lendas locais, experiências que hoje norteiam seu trabalho. Em 2023, mudou-se para São Paulo, onde consolidou sua carreira como um dos novos nomes do design brasileiro.
O Sofá Acordeon (foto principal) é inspirado no instrumento que embala festas juninas e terreiros de forró. Modular e versátil, o sofá tem base baixa, assento profundo e quatro módulos que podem ser reorganizados livremente. Os volumes remetem ao movimento do fole e os tecidos naturais ganham paleta cromática que foge dos tons neutros tradicionais.

Cadeira Mula sem Cabeça | Foto: Ruy Teixeira
A Cadeira Mula sem Cabeça ressignifica a lenda do folclore brasileiro que marcou a infância do designer. Feita em aço com pintura eletrostática, disponível nas cores preto, areia e azul Jacque, a peça traz encosto curto e pés posteriores assimétricos, criando tensão visual e sugerindo a ideia de contenção.
Já a Luminária Mandú se inspira no personagem do Carnaval do Recôncavo. Produzida em aço tubular, com base em mármore Piguês ou Travertino Romano, ela posiciona a luz a 1,10 metro do chão para criar um ambiente mais acolhedor, ideal para leitura e contemplação.

Luminária Mandú | Foto: Ruy Teixeira
Fundado em 2024, o Estúdio Dendê é uma homenagem à avó do designer, cozinheira baiana que reunia pessoas ao redor da mesa. O estúdio explora uma abordagem híbrida que conecta tradição e contemporaneidade, criando peças que vão além do funcional para se tornarem narrativas visuais. O azul, presente em várias criações, remete às águas e aos céus da Bahia, reforçando o vínculo com o território de origem.
Para Everton Souza, o Dendê é “um espaço onde o design dialoga com a arte e a memória, atravessando fronteiras estéticas e sociais para criar narrativas plurais e profundamente brasileiras”.