A Igreja de São Miguel das Figuras, construída no século XVIII e localizada na Serra das Figuras, em Jacobina, está em situação crítica e pode desabar a qualquer momento.
O alerta foi feito pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), nesta quarta-feira (10), quando recomendou a suspensão imediata de atividades turísticas no espaço.
A medida foi adotada após a divulgação de um evento que seria realizado nas ruínas. Segundo o Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (Nudephac), visitas sem as devidas medidas de proteção colocam em risco não apenas a preservação da igreja, mas também a segurança dos visitantes.

Foto: Fluir Conteúdo
Entre os problemas apontados estão a ausência de isolamento e escoramento das áreas comprometidas e a falta de controle ambiental.
O MP-BA emitiu recomendações à agência 074 Trekking e à Associação Payayá de Guias e Condutores Ambientais de Jacobina. O documento determina a criação de barreiras de segurança em um raio de pelo menos oito metros, além de ações para coibir descarte irregular de lixo e limitar ruídos a no máximo 60 decibéis.
Apesar da gravidade, o templo continua sendo ponto de interesse de turistas e devotos, especialmente durante a festa de São Miguel, em 29 de setembro.
Um patrimônio marcado por lendas
Erguida por volta de 1750, a igreja foi dedicada a São Miguel por Romão Gramacho, explorador de ouro que, segundo a tradição oral, teria enriquecido na região.
A construção é envolta em histórias populares, como a de que Gramacho teria feito um pacto com o diabo para erguer o templo, mas acabou enganando a entidade. A lenda diz que, em retaliação, o demônio teria desferido coices em uma das paredes, deixando-a torta.
Outro relato frequente é de que o minerador escondia parte de sua fortuna para escapar de impostos, o que alimenta até hoje buscas por tesouros nos arredores da igreja.
O templo resistiu por mais de dois séculos, mas sofreu danos irreversíveis após um incêndio na década de 1970, que destruiu seu telhado.