Hotel onde Jorge Amado viveu em Paris ganhará placa em homenagem ao escritor baiano em 2026

Hotel onde Jorge Amado viveu em Paris ganhará placa em homenagem ao escritor baiano em 2026

Redação Alô Alô Bahia

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José Mion/Alô Alô Bahia

Divulgação/Grand Hôtel Saint Michel /Reprodução/TV Globo

Publicado em 03/09/2025 às 12:27 / Leia em 3 minutos

O Grand Hôtel Saint Michel, em Paris, vai homenagear o escritor baiano Jorge Amado com a instalação de uma placa comemorativa na fachada do prédio onde ele viveu entre os anos de 1948 e 1950. A cerimônia está prevista para o dia 23 de março de 2026, data que marca o aniversário de sua condecoração como Doutor Honoris Causa pela Universidade de Sorbonne, em 1998.

O anúncio foi confirmado ao Alô Alô Bahia por João Jorge Amado, filho do escritor. Ele relembrou o momento em que a ideia da homenagem surgiu, durante uma visita familiar ao bairro onde morou na infância:

“Voltava de um passeio onde acabara de mostrar a meu neto Francisco o Jardin de Luxembourg, onde meus pais me levavam em minha primeira infância. Ao passar pela rue Cujas, disse a ele que naquela rua morei com meus pais, no Hotel Saint Michel. Fomos até lá para ver o prédio e, nesse momento, conheci Marie Pereiras, que manifestou o desejo de afixar a placa”, contou.

Dias depois, João Jorge retornou ao hotel com sua esposa, Dôra, para tratar dos detalhes da homenagem com a direção do hotel.

O local onde Jorge Amado morou fica na Rue Cujas, no Quartier Latin, região histórica e universitária de Paris, próxima à Sorbonne. A homenagem reforça a presença marcante do autor de Gabriela, Cravo e Canela na cena cultural internacional e o carinho da capital francesa por sua obra.

Marie Pereiras entre Dôra e João | Foto: Duda Tawil

Memórias de Paris no pós-guerra

Entre 1948 e 1950, Jorge Amado e Zélia Gattai viveram anos intensos na capital francesa. “Meu pai escrevia ‘Os Subterrâneos da Liberdade’ enquanto se dividia entre encontros com intelectuais como Neruda, Picasso e Sartre, a militância comunista, chegando a vender L’Humanité-Dimanche no Jardin de Luxembourg, e a organização do congresso do Conselho Mundial da Paz”, lembra João Jorge.

“Eles tentavam fazer com que o dinheiro curto fosse suficiente para viver numa Paris ainda marcada pelo racionamento. Usavam margarina no lugar da manteiga, sacarina em vez de açúcar e chicória torrada como substituto do café. Quando eram convidados para almoços, cada pessoa levava sua própria carne para cozinhar”, revela.

O hotel na literatura de Jorge Amado

A passagem pelo Grand Hôtel Saint Michel foi incorporada à obra do escritor. Há referências diretas ao local no livro biográfico “Navegação de Cabotagem” e no romance “Farda, Fardão, Camisola de Dormir, Já”, no qual o hotel aparece como cenário de encontros entre personagens fictícios.

“Meu pai tinha o hábito de transformar experiências em literatura. O Saint Michel aparece nas memórias dele, com citações à proprietária Mme. Salvage e ao porteiro chinês Li-U. A vida real e a ficção se misturavam, como sempre acontecia na obra dele”, diz João Jorge.

O Grand Hôtel Saint Michel fica no n°19 da Rua Cujas, no 5° distrito de Paris, no coração do Quartier Latin. O hotel está próximo da própria Sorbonne, do Jardim de Luxemburgo, do Panteão e do Museu Nacional de História Natural.

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