Estrela do remake de Vale Tudo, Taís Araujo comentou sobre os momentos difíceis enfrentados pela sua personagem, Raquel, que sofreu um golpe de Odete Roitman (Deborah Bloch) e precisou voltar a vender sanduíches na praia. Durante entrevista a Quem, a atriz lamentou o drama vivido pela empresária e cozinheira.
“Confesso que recebi esse momento da Raquel voltar a vender sanduíche na praia com um susto. Porque não era a trama original. Então, para mim, a Raquel ia numa curva ascendente. Mas entendi e também falei: ‘OK, mas ela está escrevendo uma parte da história’. Vamos embora fazer”, afirmou Taís. “Quando peguei a Raquel para fazer, falei: ‘Cara, a narrativa dessa mulher é a cara do Brasil. E ela vai ter uma ascensão social a partir do trabalho. Vai ser linda e ela vai ascender e ela vai permanecer’. Isso vai ser uma narrativa muito nova do que a gente vê sobre representação da mulher negra na teledramaturgia brasileira. Quando vejo que isso não aconteceu, como uma artista que quer contar uma nova narrativa de país, confesso que fico triste e frustrada”, completou.
No bate-papo, a artista lamentou que a personagem não tenha tido a ascensão social que ela esperava. “Como mulher negra, como artista negra, gostaria de ver uma outra narrativa sobre mulheres negras. É urgente que a gente se veja nesse lugar. E acho que a Raquel tinha todas as possibilidades da gente contar essa nova narrativa dessa mulher. Mas tenho que lidar com a realidade que me cabe, que é a de uma intérprete, de uma personagem, que não é escrita por mim (…) Raquel é um exemplo de mulher. Ela é um exemplo para mim. Sempre vou deixá-la absolutamente humana e ainda falta novela aí”, disse.
Por fim, a atriz, que completa 30 anos de carreira este ano, comentou sobre o que deseja para o futuro da personagem. “Torço para que ela consiga reverter a situação, que ela consiga se estabelecer financeiramente, colocar em prática tudo o que ela tanto fala e se dedica. Espero realmente que a vida devolva a ela o que ela dá para a vida. Porque aí a gente vai ter uma narrativa que é muito interessante. Aí teremos uma narrativa contemporânea. Está na hora da gente ver a população negra nesse lugar. A vida do empreendedor não é fácil. Mas a gente conhece muitas histórias de sucesso. E para além das histórias que a gente conhece, a ficção, ela serve para a gente se sentir possível, para sonhar. Ela tem um trabalho de responsabilidade sim na construção da narrativa, de um país. E como o país entende um povo. Então, acho que é sobre isso também”, concluiu.