Embora o Brasil seja majoritariamente cristão, Salvador mantém viva sua forte ligação com as religiões de matrizes africanas. De acordo com dados da Federação Nacional de Culto Afro-Brasileiro (Fenacab), a capital baiana possui cerca de 2.800 terreiros de candomblé, número cinco vezes superior ao de igrejas católicas, que somam 589 templos cadastrados pela Arquidiocese de São Salvador.
O levantamento da Fenacab considera registros atualizados até 2024, mas não é consenso entre todas as entidades que representam as casas de axé. Segundo Leonel Monteiro, presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), a estimativa real gira em torno de pouco mais de 2 mil terreiros em funcionamento na capital.
Apesar das divergência quanto à precisão dos dados, na falta de um levantamento centralizado, é inegável que existe um maior número de terreiros na capital baiana, assim como um crescimento de adeptos de religiões de matrizes africanas. Segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Salvador tinha 59,9 mil pessoas praticantes de umbanda ou candomblé em 2022, número que duplicou desde o Censo 2010.
Enquanto isso, a religião católica perdeu força na cidade. Pela primeira vez, menos da metade da população da capital se declarou católica – ainda que, em números gerais, a religião siga sendo maioria. Os adeptos da doutrina somam 947 mil pessoas – 44% da população –, o que representa uma queda de 22,5% em relação ao Censo anterior.
Os números de terreiros na capital tem chamado atenção há mais de 10 anos. De acordo com o Mapeamento dos Terreiros de Salvador, coordenado por Jocélio Teles dos Santos pelo CEAO/Ufba, em 2008, mostrou que, na época, bairros como Plataforma (58), Cajazeiras (46), Paripe (42), Cosme de Farias (36) e Liberdade (34) já concentravam as maiores quantidades de casas religiosas.