Avião da Voepass que caiu há 1 ano teve falha omitida em diário de bordo

Avião da Voepass que caiu há 1 ano teve falha omitida em diário de bordo

Redação Alô Alô Bahia

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Publicado em 02/08/2025 às 10:59 / Leia em 3 minutos

Um ex-funcionário que presenciou a última manutenção do ATR 72-500 da Voepass que caiu há 1 ano informou que uma falha foi omitida em diário de bordo horas antes de o avião decolar. Segundo reportagem do g1, um piloto que usou aeronave na madrugada antes do acidente disse à equipe de manutenção que sistema de degelo estava com problema.

No entanto, o problema não foi registrado por escrito. A falha, que deveria impedir a aeronave de decolar para Cascavel na manhã seguinte, foi omitida do diário de bordo técnico (TLB) e, por isso, ignorada pela liderança do hangar naquela madrugada.

“Essa aeronave nunca tinha apresentado esse tipo de falha, né? Só que no dia do acidente, quando essa aeronave chegou de Guarulhos para Ribeirão, ela foi reportada verbalmente pelo comandante que trouxe ela. Foi alegado que ela tinha apresentado o airframe [fault] (alerta emitido quando há problema no degelo) durante o voo. E ela estava desarmando sozinha. Ele acionava [o sistema] e ela desarmava. Coisa que não poderia acontecer” , afirmou o ex-funcionário ao g1.

Segundo o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil, o pleno funcionamento do sistema de degelo é condição obrigatória para voos com destino a regiões com previsão de formação de gelo como no trajeto do voo 2283 da Voepass no dia do desastre.

A decisão do piloto de não reportar formalmente a falha ocorreu em um contexto em que funcionários eram pressionados pela diretoria da empresa a evitar que aeronaves ficassem paradas para manutenção, segundo o ex-funcionário. Ele também diz que quase sempre havia pouco tempo para avaliar as condições dos aviões.

Ela [a aeronave] chegou por último, por volta de meia-noite e meia, quase uma hora, e 5h30 da manhã ela já tinha que estar lá em cima para poder assumir voo. É um período muito curto para ser feita manutenção na aeronave. Era a própria diretoria que exigia isso, queria o avião voando. Então assim, eles nem pesquisaram [o problema no sistema de degelo]”, diz.

De acordo com o ex-funcionário, a equipe levou à liderança do turno o alerta verbal do piloto, mas, ao saber que não havia registro formal no TLB, a decisão foi de ignorar o problema e manter os voos previstos para a manhã.

O próprio líder questionou: ‘bom, se ele não reportou em livro, não tem pane na aeronave’. Esse era o legado da empresa: se o comandante reporta, tem ação de manutenção; se não reportou, eles não vão perder tempo com nada que ele falar”, disse o ex-funcionário.

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