A primeira Bienal de Performance da Bahia será realizada entre os dias 13 e 17 de agosto, levando intervenções artísticas, oficinas, debates e exposições às ruas, feiras, escolas e centros culturais de Salvador e Jequié.
Com curadoria da artista e pesquisadora baiana Padmateo, o evento reúne mais de 30 artistas e pensadores de diversas regiões do Brasil em uma programação gratuita dedicada exclusivamente à arte da performance.

Padmateo – idealizadora da Bienal de Performance da Bahia | Foto: Divulgação
Com o tema “Isto é violência?”, a Bienal propõe uma reflexão crítica sobre as diferentes formas de violência presentes no cotidiano, especialmente em contextos de exclusão. “Nos faltava um espaço que tirasse a performance das galerias e colocasse no meio da rua, entre o povo. A Bienal nasce como um gesto de encontro e partilha”, afirma Padmateo.
A escolha por Salvador e Jequié tem peso simbólico: as duas cidades figuram entre as mais violentas do Brasil, segundo o Atlas da Violência e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2023, Jequié apareceu no ranking das dez cidades mais violentas do país.
Para Padmateo, a Bienal é também um gesto político:
“A rua é o lugar do embate e da escuta com quem vive a violência no cotidiano. Que as pessoas possam se apaixonar pela linguagem da performance e usá-la como ferramenta de luta e liberdade.”
Programação em Jequié
A abertura da Bienal será em Jequié, no dia 13 de agosto, com a exposição “Mandacaru: Aqui é um bairro”, de Alex Oliveira, na residência Casa 1145. À noite, o artista Z Mário apresenta uma intervenção simbólica e ancestral. No dia 14, Marcel Diogo leva ao Centro de Abastecimento Vicente Grillo a performance “Nem tudo que vai na parede é obra de arte”, com crítica às abordagens policiais.
Outros destaques incluem a “Fotoperformance Popular”, de Alex Oliveira, na Feira do Pau e no Colégio Milton Santos; “A Gangorra”, de Augusto Leal, na Praça Ruy Barbosa; e “Me segura que eu vou dar um vogue”, de Otacílius José, que ocupa a Avenida Rio Branco com dança e afirmação do corpo queer. No dia 16, o espetáculo “Entrelinhas”, de Jack Elesbão, será apresentado no Centro Cultural ACM, seguido da performance coletiva “Bombas de Sementes”.
Intervenções no Centro Histórico de Salvador
Em Salvador, o evento ocupa o Pelourinho com caminhadas performáticas e ações poéticas. No dia 13, Tiê Francisco Maria abre os trabalhos com a performance sonora “Ultrassom”. No dia seguinte, Ângela Daltro apresenta a impactante “Noiva”, enquanto Álex Ìgbó espalha lambes da série “Oriente-se” pelas ruas, com provocações sobre símbolos coloniais. No dia 16, Kako Arancíbia e Franclin Rocha levam ao Terreiro de Jesus a performance “Contagiar”, um convite ao silêncio e à escuta sobre HIV e Aids.
Vídeoarte e falas públicas
A programação inclui ainda uma mostra de vídeoarte, com curadoria de Rogério Félix, em parceria com o acervo do Vídeo Brasil. Entre as obras, estão títulos como “O arco do medo” (2017), “De dentro, pra fora, pra dentro” (2022) e “No le digas a mi mano derecha…” (2019).
No ambiente digital, o ciclo Auto-Falante: Aulas Magnas promove transmissões ao vivo pelo YouTube da Bienal. Participam nomes como Renan Marcondes (13/08), Pêdra Costa (14/08), Ramon Fontes (15/08) e Waleff Dias (16/08).
A Bienal oferece oficinas presenciais e online, com inscrições abertas via Instagram (@bienalperformance). Em Jequié, Ana Gábris conduz a oficina “Risco!” nos dias 14 e 15. Em Salvador, Diego Alcântara ministra “Método Mamba” no dia 15, na Casa Mangabeira. No ambiente virtual, Nina Caetano realiza a oficina “Práticas Performativas Feministas” (13/08) e Kauê Garcia conduz “Arte e Crime” (14/08).
A programação completa pode ser encontrada nas redes sociais da Bienal.