Brasil volta à lista da OMS de países com mais crianças não vacinadas

Brasil volta à lista da OMS de países com mais crianças não vacinadas

Redação Alô Alô Bahia

redacao@aloalobahia.com

Antonio Dilson Neto

Reprodução/Unsplash

Publicado em 17/07/2025 às 14:27 / Leia em 3 minutos

O Brasil voltou a figurar entre os países com maior número de crianças não vacinadas, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (15) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Unicef. O levantamento usa como base a cobertura da vacina tríplice bacteriana (DTP), que protege contra difteria, tétano e coqueluche.

Após avanços registrados em 2023, o país volta a ocupar posição preocupante. O número de crianças brasileiras sem nenhuma dose da DTP mais que dobrou em um ano, saltando de 103 mil em 2023 para 229 mil em 2024.

Alerta

Para a enfermeira Ivone Amazonas, coordenadora da Câmara Técnica de Enfermagem em Saúde da Criança do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), os dados apontam para uma queda crítica na cobertura vacinal infantil.

“São doenças graves que ainda circulam. A eficácia das vacinas pode criar uma falsa sensação de segurança, mas o risco continua presente”, alerta.

A vacina pentavalente, aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida, protege contra cinco doenças, incluindo difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae. O reforço com a DTP é feito aos 15 meses e aos 4 anos. Para grávidas, o SUS oferece a versão DTPa, que também protege o bebê nos primeiros meses de vida.

Em 2024, o Brasil já registrou mais de 7.440 casos de coqueluche, também conhecida como “tosse comprida”. A doença é caracterizada por acessos intensos de tosse seca, especialmente perigosos para bebês.

O tétano, por sua vez, mantém alta letalidade, com 188 a 219 casos confirmados por ano entre 2022 e 2024, principalmente em adultos e idosos. A taxa de mortalidade permanece acima de 26%. Já a última morte por difteria foi registrada em 2017, em uma criança migrante na fronteira com a Venezuela.

Cobertura vacinal global

O relatório revela que, globalmente, 14,3 milhões de crianças não tomaram sequer uma dose da vacina DTP em 2024. Quase metade desses casos está concentrada em apenas dez países, entre eles Afeganistão, Etiópia, Índia, Nigéria e agora também o Brasil. Conflitos armados, crises humanitárias e desinformação estão entre os fatores que explicam a baixa adesão à vacinação.

Embora nove em cada dez crianças no mundo tenham recebido pelo menos uma dose da DTP, apenas 85% completaram o esquema vacinal, e 5,6 milhões estão com a imunização incompleta. Desde 2019, 131 dos 195 países analisados mantêm cobertura acima de 90% para a primeira dose, mas só 17 conseguiram ampliá-la nos últimos cinco anos.

Além da DTP, outras coberturas vacinais também preocupam:

  • Sarampo: 84% das crianças tomaram a primeira dose, e 76% a segunda.

  • Febre amarela: apenas 50% nas áreas de risco, abaixo dos 80% recomendados.

  • HPV: entre meninas, a cobertura passou de 17% em 2019 para 31% em 2024. A meta é atingir 90% até 2030.

A OMS também recomenda ampliar a vacinação contra a malária em países da África Subsaariana, onde a doença segue como uma das principais causas de mortalidade infantil.

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