O Ministério das Relações Exteriores da China criticou, nesta sexta-feira (11), a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. A medida foi anunciada no início da semana, em uma carta publicada nas redes sociais do republicano.
“A igualdade de soberania e a não intervenção em assuntos domésticos são princípios importantes da Carta da ONU e normas básicas das relações internacionais”, declarou a porta-voz do ministério, Mao Ning, durante coletiva de imprensa. “Tarifas não deveriam ser uma ferramenta de coerção, intimidação ou interferência”, completou.
O chanceler chinês, Wang Yi, também se manifestou. Sem mencionar diretamente o Brasil, ele afirmou que “as tarifas dos Estados Unidos minam a ordem do comércio internacional”.
A reação da China ocorre após Trump anunciar, na última quarta-feira (9), a taxação de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Em sua justificativa, o presidente dos EUA citou o que classificou como uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no STF por suspeita de envolvimento em tentativa de golpe após as eleições de 2022.
“A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro é uma vergonha internacional”, escreveu Trump na nota divulgada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com firmeza. Ainda na quarta-feira, afirmou que, caso não haja acordo diplomático, o Brasil irá aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada em abril deste ano. Nesta sexta (11), Lula voltou a se pronunciar, afirmando que buscará barrar a medida na Organização Mundial do Comércio (OMC) e, se necessário, adotará medidas de retaliação.
“Vou brigar na OMC, vou conversar com os companheiros do BRICS. Mas, se não tiver jeito, vamos taxar também. Taxou aqui, vamos taxar lá”, disse o presidente.
A tensão entre EUA e China também esteve no centro das atenções neste ano. Em abril, após os norte-americanos aplicarem tarifas de 34% a produtos chineses, o governo Xi Jinping respondeu na mesma moeda. A disputa gerou aumentos sucessivos nas alíquotas até que, em maio, os dois países firmaram um acordo que reduziu as tarifas a 30% para produtos chineses nos EUA e 10% para itens americanos na China.