O risco de o sistema elétrico brasileiro não suportar os horários de maior consumo voltou a preocupar o Operador Nacional do Sistema Elétrico. Em seu novo Plano de Operação Energética para o período de 2025 a 2029, o órgão estuda recomendar, ainda este ano, a volta do horário de verão como medida emergencial. A prática, que deixou de ser adotada no Brasil em 2019, consiste no adiantamento dos relógios em uma hora durante o período do verão, para aproveitar melhor a luz natural do sol e economizar energia.
Segundo o diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, a decisão deve ser tomada até agosto. “O PEN olha se a quantidade de geração disponível, no sentido amplo, se os recursos que temos atendem o consumo do Brasil. O PEN 2025-2029 confirmou o diagnóstico do ano passado e mostrou agravamento do déficit de potência (…) Eventualmente, podemos recomendar horário de verão como imprescindível”, disse o gestor.
Segundo ele, como este ano não houve leilão, “apesar da recomendação feita desde 2021 para que fossem realizados leilões anuais”, além das medidas já tomadas – como a antecipação da entrada de projetos do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) de 2021 e maior uso de térmicas -, o ONS poderá também importar 2,5 GW de energia de países vizinhos.
Zucarato destacou que a geração de energia cresceu no País, porém, puxada pela energia solar, que, naturalmente, não produz à noite e não garante potência. Com isso, caso as chuvas atrasem novamente este ano, os meses mais críticos serão outubro e novembro, e a solução será realizar o leilão de reserva de capacidade o mais breve possível em 2026. “O principal recado do PEN é, repetindo o que a gente viu no ano passado, a gente não está atendendo os critérios de potência e a situação se agravou pelo aumento da demanda prevista. Então isso significa que para 2025 já não tem mais o que fazer porque não dá mais tempo de se fazer nenhum leilão para contratar potência para 2025. A próxima janela de necessidade vista no escuro é o ano que vem”, explicou.