Um novo capítulo na integração logística entre Brasil e China começou a ser escrito na última segunda-feira (7), com a assinatura de um acordo de cooperação para o desenvolvimento de estudos sobre a construção de uma ferrovia ligando o porto de Ilhéus, na Bahia, ao porto de Chancay, no Peru.
O projeto, ainda em fase embrionária, pretende conectar os oceanos Atlântico e Pacífico através de uma linha ferroviária transcontinental, encurtando o caminho para o escoamento de produtos brasileiros rumo à Ásia.
O trecho brasileiro da ferrovia está previsto para passar pela Bahia, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, antes de atravessar a fronteira com o Peru.
No lado peruano, a linha chegaria ao recém-inaugurado porto de Chancay, financiado por capital chinês e parte da iniciativa “Cinturão e Rota”, estratégia global de infraestrutura do governo chinês. Apesar da cooperação, o Brasil segue sem adesão formal ao programa.
A escolha de Ilhéus como ponto de partida da ferrovia ressalta o papel estratégico da Bahia no cenário logístico internacional.
Segundo projeções do governo peruano, a nova conexão pode cortar em 12 dias o tempo de transporte para o mercado asiático, além de baratear os custos logísticos por meio da combinação entre ferrovias e navegação marítima.
O acordo firmado é um memorando de entendimento entre a estatal brasileira Infra S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Econômico da China Railway.
Assinado por videoconferência, o documento tem validade inicial de cinco anos e prevê estudos conjuntos sobre a viabilidade técnica, econômica e ambiental da ferrovia. Também inclui avaliações sobre intermodalidade e sustentabilidade do projeto.
De acordo com o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, a iniciativa marca uma retomada das discussões em torno da ferrovia transcontinental, que chegou a ser estudada entre 2015 e 2016.
Agora, o governo acredita que há condições mais favoráveis para avançar, tanto do ponto de vista técnico quanto político. Ainda não há previsão de custo total, nem traçado definitivo da linha.